31/01/2009
o amor
Naquela coisa do BI musical, interessou-me, especialmente, a questão do amor, não por ser fodido mas mais por ser a foda que é.
O Henrique diz que, Until you've flipped your heart and you have lost, you don't know what love is. – George Benson
A Maria João
E eu sem você
Sou só desamor
Um barco sem mar
Um canto sem flor
Tristeza que vai
Tristeza que vem
Sem você, meu amor
Eu não sou ninguém - Vinícius de Moraes
Eu mesmo, peço mais uma dança
Look at me look at you
Loosing hope in the house of blues
Cracking out and drift away
With no means or words to say
Will you take me out tonight
Shall we dance the blues away
Will you take me out tonight
Show me that we can
A Ana, mais feliz, dá-nos essa espécie de dança, onde o que mais retenho dessa cena, já vista e revista na minha cabeça vezes sem conta, é que para dançar temos de ser mesmo heróis. Grande Ana.
David Bowie
Heroes
29/01/2009
Woody Allen
Tendo em conta o post anterior, fiquei muito desiludido com a cena da loira e da morena no Vicki Cristina Barcelona, beijinhos daqueles dou aos meus filhos.
De resto, gosto que o Woody Allen ande a espalhar as objectivas pela Europa fora, acho uma lufada de ar para ele e para nós espectadores.
Gostei daquele casal maravilha, Javier Barden e Penélope Cruz, estes dois sim dominam o filme, qual Scarlett boazona tonta (que raio de cena aquela do regresso no avião em que Scarlett parecia mais o Woody Allen do que ele próprio) ou Rebecca boazona boazinha. Aquele casal sim, óptimos os tempos daqueles devaneios em espanhol/inglês/inglês espanhol.
Final sonso, bem como as risadas meio envergonhadas, meio chocadas, meio excitadas das duas moçoilas jovens na fila de trás, esta mentalidade que não anda.
28/01/2009
acorrentado pela 1.ª vez
O desafio veio daqui Insónia
1 - És homem ou mulher?
I'm your man - Leonard Cohen
2 - Descreve-te
The boy with the thorn in his side
Behind the hatred there lies
murderous desire for love – The Smiths
3 - O que as pessoas acham de ti?
I'm a loser, I'm a loser - The Beatles
4 - Como descreves o teu último relacionamento?
With or without you With or without you
I can't live With or without you With or without you - U2
5 - Descreve o estado actual da tua relação.
Are you ready to be heartbroken? Lloyd Cole
6 - Onde querias estar agora?
New York New York - Frank Sinatra
7 - O que pensas a respeito do amor?
Look at me look at you
Loosing hope in the house of blues
Cracking out and drift away
With no means or words to say
Will you take me out tonight
Shall we dance the blues away
Will you take me out tonight
Show me that we can
The Verge - a música vão conhecer brevemente :)
8 - Como é a tua vida?
A formiga no carreiro andava à roda da vida
caiu em cima de uma espinhela caída
furou furou à brava numa cova que ali estava - José Afonso
9 - O que pedirias se pudesses ter um só desejo?
Time - Tom Waits
10 - Escreve uma frase sábia.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
continuar a corrente é mais difícil, nem sei quem me lê, vou tentar aqui http://wittgensteinsvienna.blogspot.com/
27/01/2009
Insónia: DIA 27
O dia acorda claro e intenso,
sol que brilha em mim, apesar da geada.
Com os pés na terra faço-me ao caminho,
subo, paro e desço avenidas, ruas, becos, atalhos,
calçada que calcorreio em pedra dura e fria.
Nas encostas destas colinas passo por pessoas,
muitas pessoas, todas numa azáfama de cá para lá,
de lá para cá e de todo o lado para nenhum,
que o meu caminho só eu sei e eles os deles.
O céu está azul, tão azul que mais azul não podia estar,
as gaivotas rodeiam o rio, quase mar de salgado que é.
Em voos picados na procura de sustento atiram-se à vida.
Detenho-me nesta imagem, um segundo, dois segundos,
talvez uma vida, agora não que não posso,
cinco segundos, dez segundos e atiro-me ao caminho,
picado por uma ânsia que arranco ao tédio.
Neste frenesim, ando e procuro procuro e ando,
membros soltos em movimentos lineares desatinados,
passos desarranjados que liberto ao ar,
que, brisa fria, me inunda e aquece o corpo.
Ossos, ligamentos, tendões, músculos, pele,
monte de carne que sua, sonha e segue.
Se encontrar as escadas, feitas de degraus,
que me levem a ti, a claridade brilhante serei eu.
Nesta loucura, abraço as cores, todas as cores.
Abraço o preto roupa que sou e me cai mal,
abraço o azul que do céu cai sobre mim,
abraço o marfim da calçada que percorro,
abraço o lilás do arco-íris que imagino,
abraço o roxo escuro misterioso do rio,
abraço o verde das árvores que cheiro,
abraço o castanho das raízes profundas,
abraço o laranja fogo, paixão em mim,
abraço o púrpura do poente tardio,
abraço o ocre desbotado que sou,
abraço o amarelo dourado do sol,
abraço o prata reflexo complexo,
abraço o azul mar do horizonte,
abraço o turquesa teus olhos,
abraço o rosa que são lábios,
abraço o bronze que é carne,
abraço o vermelho coração,
abraço o encarnado paixão,
abraço o branco gelo,
abraço o cinza pó.
Papel ao vento,
transparente,
desordenado.
E a vida,
toda a vida.
Comédia trágica que trago dentro do peito.
anedotas
Uma carta das finanças diz que tenho de regularizar umas dívidas, caso contrário seguirá uma penhora de bens e direitos.
Bens só se for a pele e os cabelos, direitos (penso que o ordenado) só se for o direito que tenho tido nos últimos 4 anos em fartar-me de trabalhar sem ganhar um tostão e viver recluso no meu sonho.
Assim sendo, façam favor, já chega o que andam a comer ao meu velhote.
Leonard Cohen
Fingerprints
I touched you once too often
Now I don't know who I am
My fingerprints were missing
When I wiped away the jam
Yes I called my fingerprints all night
But they don't seem to care
The last time that I saw them
They were leafing through your hair
Fingerprints, fingerprints
Where are you now my fingerprints?
Yeah I thought I'd leave this morning
So I emptied out your drawer
A hundred thousand fingerprints
They floated to the floor
You know you hardly stopped to pick them up
You don't care what you lose
Ah you don't even seem to know
Whose fingerprints are whose
Fingerprints, fingerprints
Where are you now my fingerprints?
And now you want to marry me
You want to take me down the aisle
You want to throw confetti fingerprints
You know that's not my style
O sure I'd like to marry you
But I can't face the dawn
With any girl who knew me
When my fingerprints were on
Fingerprints, fingerprints
Where are you now my fingerprints?
Fingerprints, oh fingerprints
Where are you now my fingerprints?
o abismo I
O corpo finalmente cede.
A fim de 4 anos de grande vontade, luta, tensão e ansiedade, a mente e o corpo desceram à terra. A queda foi tão grande que finalmente estou a fazer uma limpeza numa constipação como já não tinha há anos.
Se perder, outra vez, não será um problema. Aceito a perda com a certeza de que esta é, naturalmente, a possibilidade maior.
O que não podia aceitar era a sensação de não ter feito o que devia.
Até Junho se verá, depois existem sempre os aviões.
26/01/2009
o abismo
Por volta dos 9 anos veio parar às minhas mãos uma guitarra, comprada pelos meus pais para o meu irmão mais velho, pouco depois, fui eu que comecei a dar-lhe mais uso, Naquela idade, ouvir o meu irmão a tentar tocar com os amigos clássicos como Smoke on the Water, Wish you Were Here ou uma versão de rua, se assim posso chamar, do Starway to Heaven, era algo diferente. Comecei, então, a ouvir música de uma forma quase obsessiva, com o meu pai conheci os Beatles, os Beach Boys, Leonard Cohen, o José Afonso, com os amigos Pink Floyd, Clash, U2 entre outros, na rádio ouvia-se new wave. Assim que aprendi 3 acordes, comecei logo a fazer músicas, com letras e tudo ou qualquer coisa parecida, nunca tive grande paciência para tocar os tais clássicos, aprendia depressa e esgotava-se o interesse.
No ano seguinte, estava eu a brincar na rua, quando aparece o meu irmão com a trupe mais velha e dizem-me que nessa noite, exactamente nuns montes onde por vezes ia jogar à bola com o Figo e outros amigos de infância, tocavam os GNR e os UHF, numa das muitas festas da amizade que o PCP fazia pelo país. Nunca tinha visto um concerto de rock, nessa noite, com a ingenuidade própria do tamanho, fiquei perplexo. A potência do som, as luzes, os cânticos do público, a verdade (verdade porque estava a ver, ouvir e, sobretudo, sentir), a entrega, deixaram-me ainda mais maluquinho pela música. A partir daqui queria conhecer tudo, ouvir tudo, aprender tudo. Nessa noite construi um sonho, tinha de levar a minha guitarra com os 3 acordes e mais aquela espécie de letras para um palco.
Felizmente, 2 anos depois, o meu pai foi trabalhar numa gráfica que fazia livros para a Assírio & Alvim, o saudoso Manuel Hermínio Monteiro oferecia-nos livros, assim passei dos Cinco e dos Sete para Boris Vian, Tennessee Williams, Kafka, Fernando Pessoa, que me ajudaram a passar a espécie de letras para letras com alguma espécie, qualquer que fosse.
Demorei 7 curtos e bons anos, entre aulas de música (pagas com o dinheiro do passe-social que o dinheiro não dava para tudo), ler muito e fazer canções, a realizar esse sonho. Foi no dia 16 de Março de um ano extraordinário, tinha 18 anos, tocámos de dia no mesmo palco onde iriam tocar os UHF e Xutos à noite, apesar do enorme nervosismo inicial tudo correu com a naturalidade de quem faz as coisas porque tem que ser. Na altura, tínhamos como referência bandas da chamada música independente, The Smiths, Loyd Cole, REM. Desde o começo até hoje, já disseram que a minha música era parecida com Beatles, Pink Floyd, Doors, U2, REM, RadioHead, VU, Violent Femmes (estes dois últimos foi estranho porque na altura ainda não os tinha ouvido). A disparidade destas opiniões nunca me chateou bem pelo contrário, que riqueza se fosse verdade, de qualquer forma desde que agarrei numa guitarra a motivação foi sempre fazer, criar, nunca recriar.
Neste caminho, sempre solitário mas não sozinho, nunca ganhei nada que não o prazer de fazer e de tocar com pessoas, foi uma forma de acompanhar uma solidão inútil e vazia e dar asas a uma inquietação inquietante que não me larga.
Por várias razões, uma segunda parte do sonho não se cumpriu, mas esse ficará para depois.
24/01/2009
talvez uma brisa
I
Aqui, agora, ausente, simplesmente fechado em mim
E nos meus sonhos
Onde existe toda a vida
Onde posso encarnar quem eu quiser
E até quem não quiser
Posso ser alguém ou então o vento, a água, o fogo
Mas nunca a mágoa
Posso ver-me em tons de azul ou negro
Posso sentir amor ou raiva
Posso ter o impossível
Posso ser tudo como a natureza!...
II
Sinto-me agora uma folha, verde, húmida, levada pelo vento
Onde me sossego vendo o mundo correr
Sinto-me agora um mar, imenso, revolto
Onde apaziguado me domino
Sinto-me agora uma chama, azul, púrpura
Onde aqueço a vida
Agora sou Platão e a caverna da ilusão
Agora sou Cristo submisso ao Pai
Agora sou um poeta soberbo
Agora sou nada como tudo isto!...
III
E como é importante este nada
Onde tudo o que me importa nasce
Onde a fantasia se torna realidade
Onde sempre a correr nunca me canso
Onde sem querer me desculpo
Onde sozinho me acompanho de todos
Onde existo sem existir
Onde se abre a alma, sossegando-me o espírito
Onde sonho todos os sonhos do mundo...
IV
Agora sonho-me uma vasta planície
Onde me perco no espaço
Agora sonho-me a pirâmide mais alta
Por onde penetro o céu
Agora sou alguém entre muitos
Onde me revejo
Se quiser
Agora sou tudo como o nada que é isto!...
V
E como é importante esta sensação
Onde sou tudo o que importa
Onde me sento a conversar com o homem mais sábio
Contando-me histórias que nunca imaginei
E fico feliz como uma criança
E posso rir inocentemente
E posso sentir com todos os sentidos sem me perder...
VI
Agora sou jovem, forte
Abraçando a vida
Agora sou velho, sabedor
Partilhando tudo o que aprendi
Agora sinto-me sem idade
Agora não sei o que é isto!...
VII
Talvez imagens, somente imagens
Que passam sem pedir licença
Talvez simples sombras
Que toldam a realidade
Talvez um reino que não existe...
VIII
Talvez ilusões, enganosas ilusões
Que enganam sem querer
Talvez uma chama
Queimando a vida...
IX
Talvez frustrações, irritantes frustrações
Que teimam em aparecer
Talvez um rio passando...
X
Talvez a vida, toda a vida
Que existe só porque existe...
XI
Talvez uma brisa soprando.
23/01/2009
continuando aparvalhar
Podia falar do nosso querido Marinho de cognome o bochechas e aquilo dos casamentos e aleitamentos, podia falar da subida do spread (tás morto e bem morto tás é mal enterrado) ou ainda do árbitro que vai beneficiar o Glorioso daqui a mais uns minutos (cada expirro penalty para o SLB e muito bem).
Mas quero lá saber disso tudo, sou bonito, mesmo bonito, o azar é que é lixado já parti 2 espelhos.
virgem - o perfeccionista
Recebi este email hoje, não os costumo abrir, mas hoje calhou. Ainda bem, parece que sou isto tudo em especial as duas em evidência e leal também, pelo menos no nome. Umas horas atrás uma amiga dizia que eu estava mesmo bonito, que não um boi (espero eu).
Agora vou ali partir um espelho para ter mais uns anos de azar, sete é pouco.
Dominante em relações.
Conservador.
Quer ter sempre a última palavra.
Argumentativo.
Preocupado.
Muito inteligente.
Antipatiza com barulho e caos.
Ansioso.
Trabalhador.
Leal.
Bonito.
Fácil de falar.
Difícil de agradar.
Severo.
Prático e muito exigente.
Frequentemente tímido.
Pessimista.
7 anos de azar se você não remete.
21/01/2009
australia
Os primeiros minutos do filme Australia, até arrancarem com o gado, são desastrosos. Depois de uma pequena introdução muito boa o filme descamba numa série de acções precipitadas onde até a bonita Nicole Kidman desilude, talvez falta de jeito para fazer de aristocrata inglesa, quando salta para cima do cavalo e começa a sujar-se o filme ganha outra dimensão, e ela também.
Tirando os primeiros minutos, uma realização segura mas aqui ou ali um pouco atabalhoada, com vários finais falhados Baz Luhrmann não atinge com esta saga a qualidade de contador de histórias sentimentais como tinha conseguido em Moulin Rouge, embora eu seja suspeito para falar do Moulin Rouge devido a uma relação muito pessoal que tenho com este filme.
tudo isto é triste
Ontem tive de ir a Belém tratar de uns assuntos ao Cenjor, enquanto bebia um café na tasca em frente, um velhote meteu conversa comigo e com o meu irmão. Desde o Obama, que dava na TV, a guerra colonial até aos impérios Grego, Romano e sei lá que mais, foi um rol de estórias, daquelas de café mesmo.
Mas, no meio da confusão estilística, este Sr. disse uma grande verdade, que foi esta: sou português porque sou obrigado. Eu ri-me, porque sinto o mesmo, o meu pai sempre sentiu p mesmo e, pelos vistos, faz parte da nossa condição porque outros também o sentem.
Triste fado este.
Amália Rodrigues
Tudo isto é fado
19/01/2009
vida de parvos
Sitiados
Outro Parvo no Meu Lugar
Nascido no mesmo ano que eu, a memória que guardo do João Aguardela era a simplicidade mas, sobretudo, aqueles olhos azuis com vontade de comer o mundo.
Será que ceguei e parei,
perdendo o nexo do que quero,
desistindo de tudo o que espero
e do querer que sempre acreditei?
Será o tempo que não faço,
as palavras que não escrevo e digo,
o espaço por onde me perco e fico,
um esboço que já não traço?
Será que acomodei e deixei,
toda a imaginação que fui e quis
toda a vontade que fui e fiz
e todas as ideias que pensei?
Será um caminho perdido,
o traçado de um destino obrigado,
a evidência de um triste fado,
uma realidade crua e sem sentido?
Será que encerrei e fiquei,
sem a força que pensava e fazia,
sem o confronto que era e queria
e todo o verso que disse e achei?
Será uma metáfora falhada,
que trespassa o vazio que é a vida,
a angústia duma batalha não vencida,
o desespero da derrota anunciada?
Será que ceguei e parei,
que não sei o que sou e tenho?
Será que encerrei e fiquei,
que não sei para onde vou ou donde venho?
Será que arrumei e deixei,
tudo o que queria e amei?
Será?
José Paiva
esteve nos nossos olhos
Este texto Não está nas nossas mãosa> no insónia, fala de quase tudo o que a excelente representação de Brad Pitt nos deixa ver. Independentemente dos efeitos e do absolutely, os silêncios, as expressões, os timings, o ritmo da velhice nova e da juventude velha, tudo nele pareceu-me perfeito.
Quem olha para o personagem, mais do que ver que não está nas nossas mãos (neste caso das dele), Pitt deixa que isso se perceba com uma naturalidade que me impressionou.
Apesar de ter gostado, preferia ver este filme realizado pelo Paul Thomas Anderson.
17/01/2009
O Estranho Caso de Benjamin Button
O absolutely com que Brad Pitt responde a Cate Blanchett quando esta lhe pergunta se ele quer dormir com ela encerra uma vontade tão grande que, só por si, vale o filme e já agora um Oscar para o Pittozinho.
esquecidos ou quase 10
The Men They Couldn't Hang
Ghosts of Cable Street
The Colours
Esquecidos ou quase 1
esquecidos ou quase 2
esquecidos ou quase 3
esquecidos ou quase 4
esquecidos ou quase 5
esquecidos ou quase 6
esquecidos ou quase 7
esquecidos ou quase 8
esquecidos ou quase 9
15/01/2009
14/01/2009
Viagem(zinha) na minha terra
Existem lugares assim, onde, apesar do tempo que passe sem lá voltar, me sinto em casa.
Além da minha Almada/Lisboa, também Mamaroneck
http://www.village.mamaroneck.ny.us/Pages/index , Maputo e Vieira de Leiria fazem parte deste lote acolhedor, e se nesta última passei muitos dias de férias na minha infância e adolescência durante vários anos seguidos, em Mamoroneck estive cerca de 1 ano e em Maputo apenas uns dias. Desta forma simplista, deduzo que este sentimento não é uma questão de quantidade mas de química, por exemplo, locais onde estive mais tempo como Londres, Recife ou Sion pouco me disseram, aliás os meses que passei na capital inglesa chegaram a ser penosos, apesar dos teatros, monumentos, exposições, da música e tudo o mais que ali encontrei.
Nesta pequena viagem até Coimbra, com passagem pelas Caldas da Rainha, Marinha Grande, Vieira de Leiria e Monte Real, encontrei alguns exemplos típicos do que é o Portugal de hoje, auto-estradas com 3 vias onde raramente se vê um carro (A17), muita construção desordenada (praia da Vieira) e completamente às moscas, a perda quase total das tradições e um pseudo-desenvolvimento plástico tipo Tupperware de quarta categoria, em que na única vez que precisei de uma indicação, já na cidade dos Doutores, o analfabetismo prático veio ao de cima. A minha namorada dizia, estás a chegar lá por intuição, pois são os anos de hábito a perceber o imperceptível, e cheguei.
É este o País que chama seniores aos seus velhos, acabei de ver agora num anúncio. O meu velhote diz que prefere ser júnior porque mini, infantil ou ainda iniciado já seria pedir demais. É o mesmo País em que o multibanco do tribunal de Setúbal foi, pela terceira vez, assaltado e o Juiz Presidente diz que não existe segurança alguma no edifício. Para quê Sr. Juiz? Vem aí mais auto-estradas, TGV's que não o shot, mundiais de futebol e bandeirinhas de orgulho nacional.
E agora para algo verdadeiramente diferente, a minha prima de Vieira (padeira) recebeu-me com uns grandes camarões fritos e uma jardineira de galo que alimentou a broa de milho que eu também provei e aprovei com queijo, tal como o galo que, apesar de tudo, sabia a galo e não a broa, tudo regado com um tinto muito bom da Cartuxa. De manhã, pequeno-almoço com pão acabado de sair do forno, logo seguido de um almoço com costeletas de novilho que mais pareciam a vaca inteira e outro alentejano que não fixei o nome mas melhor que o da Cartuxa. Por fim, em Coimbra, um leitão delicioso e um ananás para regressar com a alma aconchegada.
Nem tudo é mau, principalmente porque não engordo.
11/01/2009
arejar
Amanhã vou até Vieira de Leiria, local onde costumava passar férias na minha infância e espero passar nas Caldas de caminho, terça trato de assuntos importantes em Coimbra, cidade onde já não vou há anos mas que gosto sempre de visitar.
Quarta estou de volta, apesar de curto ver se dá para arejar.
Faço o mundo em orações sempre subordinadas.
Tudo o resto são morfologias e sintaxes imperfeitas,
pontuações incertas, inconstantes e imprecisas,
figuras de estilo ou recursos estilísticos sem recursos.
A estas folhas de faltas fátuas submeto-me, só,
subordinante branco alvo, alvo de paz dissonante,
discordante desarmonioso de palavras que desconstruo.
Assim, neste Latim donde venho vejo-me Grego,
qual Pessoa ou Kavafis, nesta Odisseia, que não sou.
E tento, muito, aprender apreendendo o todo que posso,
recomeçando, sempre, de um nada pesado
para um nada carregado que sei que sou que sinto.
E o erro é o certo centro da cegueira neutra do zero,
implacável fardo calçado nas costelas do raciocínio,
reiteração alegórica, absurdo hiperbólico desesperado.
Nesta nulidade que sou, recomeço da nulidade que fui para a que serei,
sem esquecimento que a razão não deixa, o trilho cansa.
O todo que posso pesa e, tento, muito, descansar.
Procuro o meu eido ermo, onde em silêncio me deito.
Aparto as sombras, todas, os desejos que não sei que tenho,
os palácios que construo, as aventuras que desconheço,
a brisa leve que amo, as notas que desafinam e os barcos que perco.
Calo todas as palavras que são frases que quero verso em prosa,
todas as metáforas que são estrofes sem poemas,
e todas as virgulas, interrogações, reticências e pontos,
que pontuo confuso na confusão da minha incerteza.
Em silêncio desfaço-me, qual livro branco desnudo-me e deito-me.
Desvanecendo desvaneço-me nesta aurora entardecido.
Replico provas, provadas em prosas arcaicas, de incapacidades sinceras,
mendigo recomeços falhos.
E, também, silêncios escusos, escuros, de sombras e palavras.
Harmonia de contradições contrapostas de mim por mim para mim,
assim,
sem fim,
sem arte,
sem Outono,
sem chuva,
sem som,
sem céu,
sem orações,
sem subordinante.
Só, subordinado figurativo que figuro, tombo em sintaxes erradas,
em paradoxos sem resolução, ironia imutável que interpreto.
Neste palco, capitulo desvanecendo-me, destoado sem sorte.
O mundo é esta roupa que visto e me cai mal.
É Inverno, em mim também, frio que tenho que sou,
geada gélida gelando o gelo que sulca a vida,
aflora a pele e entra penetrando carne dentro,
num encontro interior de glaciares, orgia de frio nas entranhas.
Como as árvores despidas,
tolhidas pelo Inverno frio que sei que faz que sinto,
qual folhas caídas,
dispo esta roupa,
que é o mundo que dói,
e suporto esta existência nula.
Resignado estou a esta sensação de gelo
que a razão e a epiderme obrigam-se a suster.
Exposto, nu, vazio, cansado, submisso ao tédio que o frio não apaga.
Assim,
vou respirando ao acaso de uma pontuação irregular,
feita de geadas e Invernos frios,
ou, como no início deste desacerto, de desassossegos e ânsias sem vento,
mas também de paisagens e pensamentos,
de silêncios e sensações,
e sonhos claro, sempre os sonhos,
todos os sonhos, os que transbordam e os que ficam,
neste tédio que sou.
Está frio, com o dedo desenho espirais sem nexo
nesta minha janela embaciada pela humidade gelada,
em voltas alheias apago o orvalho e, no vidro,
vejo uma sombra,
a minha janela sou eu.
09/01/2009
frio
Parece que algumas pessoas andam contentes com a hipótese de nevar em Lisboa, eu passo. O tempo que passei em NY foi suficiente para ficar farto de nevões, como se não bastasse o frio, acordar 1 hora antes e desenterrar o carro para chegar a horas ao trabalho não é muito agradável.
Por mim, a poesia da neve esgota-se num qualquer quadro que não me enregele os ossos.
08/01/2009
apesar do frio
Vivo sempre numa espécie de céu, não um paraíso aborrecido com tudo muito lavadinho e cheio de anjinhos, mas num céu muito meu.
Apesar das desilusões constantes, de algumas tristezas mas nunca depressões nem tendências suicidas, chego a um ponto em que me rio de tudo. Nunca fui muito dado a espantos, mas sempre, estupidamente, esperei o melhor de alguns outros, apesar de saber que é estúpido vou continuar a esperar esse melhor. Parece que afinal tenho alguma fé e, se virmos bem, viver de outra forma deve ser ainda mais estúpido.
Já viram como o céu até está bonito hoje, apesar do frio, parece aqueles olhos azuis onde me fiquei a meditar.
Black
Wonderful Life
06/01/2009
meditando
Ontem conheci uma mulher gira, para aí na quarta ou quinta frase, talvez terceira, já me dizia que era meditista, acho que era isto meditista (de meditação). A minha cara foi a mesma como se me tivesse dito que era lésbica e ela e a namorada queriam ir para a cama comigo, ou seja de espanto e ao mesmo tempo interesse, nunca neguei à partida ciências que desconheço.
Acho extraordinária esta capacidade que algumas pessoas têm de se identificarem ou afirmarem ou sei lá o quê, se virmos bem teríamos um mundo melhor, por exemplo.
- Olá o meu nome é Joana e sou católica.
- Prazer, João, eu sou parvo.
ou
- Nuno, bom dia eu sou nazista.
- Olá querido, Xiquinho e sou homossexual.
ou,
- Boas, sou a Francisca e sou vegetariana.
- Sim Francisca que giro, o meu nome é Dina e sou comunista, como criancinhas.
ou ainda,
- Olá sou o n e não sou nada.
- Eu sou a Rosa e sei que sou fodida e vou dar-te cabo da cabeça.
Bem pelo menos tudo seria mais claro, agora vou meditar nos olhos azuis da moça.
MEDITATION MUSIC
Feng Shui- Kokin Gumi - Zen Garden
05/01/2009
arejar
Depois, olho para cima por baixo da razão e caio a pique,
lembro as nuvens que não consigo ver
que, densas e longínquas,
sei que voltam com o mesmo vento que partiram.
Mas, por enquanto, fico-me só um pouco mais,
esqueço o vento nesta brisa que tenho,
esqueço tudo e as nuvens também.
Abandono-me e tento descobrir as cores,
todas as cores que trazes nos olhos
e as raízes que são teus pés,
os sons todos que fazes nos cheiros que dizes,
o tempo que deixaste neste pensamento
e o desejo de querer entender-te.
Nesta Primavera, agora já florida,
vagueio na luz dourada que já não falha, intermitente,
e nas estrelas que as nuvens, longínquas, deixam ver.
Vejo as folhas que, levemente, se abraçam a esta claridade
e percorro a constância e o calor que me dá,
solto a razão,
tento chegar-vos
e dizer-vos baixinho,
todas as coisas e lugares,
todos os pensamentos e segredos,
todas as derrotas e faltas,
todos os sonhos e ausências,
toda a paz e a vida,
toda a luz e a morte,
e abraçar-vos na eternidade que vislumbro.
coisas que me fazem muita impressão
Membros do Hamas matam os líderes da Administração da Fatah (OLP) em Gaza.
Ter o poder de ser diferente e não conseguir na relação de Israel com os bárbaros de cima.
coisas que me fazem impressão
Os finais de ano são muito férteis em listas, estrelas e pontuações das obras, sejam elas música, cinema, literatura ou outra, curioso que nunca vi tal para escultura ou pintura, não sei se existe mas eu nunca vi, nunca percebi estas classificações. Também me parecem estranhas algumas polémicas como se se canta em português, inglês, chinês ou noutra língua qualquer, tal como as histórias dos melhores e por aí fora.
Nunca o consegui fazer, comecei a ouvir música e a ler muito novo, por volta dos 11 anos, o cinema também entrou cedo na minha vida, mas nunca consegui pensar, este livro vale 2 estrelas e aquele cinco. O que garante a quem pontua que na semana seguinte ou no mês seguinte não daria mais ou menos estrelas. Já gostei mais de reler do que de ler, existem discos em que entro lá para a quinta audição, filmes há que gosto muito a primeira vez e depois nem por isso, poderia continuar mas como exemplo, até porque já deve ter acontecido a todos, penso que chega.
Assim, parece-me um festival da canção intelectual, mas o problema deve ser só meu.
03/01/2009
qual crise?
O jornal da SIC das 13 horas foi confrangedor, começou com uma tragédia em Ferreira do Alentejo que, afinal, foi só um acidente parvo, o jornalista da reportagem era mau de mais para ser verdade numa notícia já de si muito má.
Depois um rol de banalidades, por volta do quarto de hora a Palestina como se fosse outra banalidade logo seguida de uma série de crises, da Chrysler, da aviação e mais umas quantas, tantas que o meu puto até perguntou porque é que só usavam a palavra crise. Porque são parvos disse, antes de começar a explicação a sério.
Depois o inevitável desporto e desisti, vim ouvir música e tentar ler qualquer informação decente.
01/01/2009
a crise é mesmo grande
Acabado de acordar, ainda oiço que o Roman Abramovich não sabe se vai vender o Chelsea ou o iate, notícia muito importante dos últimos 3 dias, ainda por cima logo a seguir a uma com reformados a dizer como não vivem com 300 €.
Chatice, a crise de 2009 é mesmo grande.
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