31/10/2009
Right, wrong, what to do.
Someday it will come to you.
Hostile indians,
We named a summercamp for you.
I've got nothin' to say
I've got nothin' to say
I've got nothin' to say
I've got nothin' to say
I've got nothin' to say
I've got nothin' to say
I'm in utter dismay
I've got nothin' to say
Harmless children
We named our soldiers after you.
Don't be a coconut.
God is trying to talk to you.
We could drag it out,
But that's for other bands to do.
I've got nothin' to say
I've got nothin' to say
I've got nothin' to say
I've got nothin' to say
I've got nothin' to give
Got no reason to live
But I will fight to survive
I've got nothin' to hide
Wish I wasn't so shy
I'd like to watch
I'd like to read
I'd like a part
I'd like the lead
But I've got nothin' to say
I've got nothin' to say
I've got nothin' to say
I've got nothin' to say
I've got nothin' to give
Got no reason to live
Oh I'll kill to survive
I've got nothin' to hide
Wish I wasn't so shy.
solo
Então, o futuro é onde me fixo, onde sempre me fixei,
é o espaço onde me fico e transformo,
é onde derivo contra o vento e contra o mar,
e, na frescura da espuma, lavo as memórias,
e, na espuma da brisa, levo os pensamentos,
é onde me ergo arregaçando as mangas,
e, na estrada que é caminho, sigo
e, no caminho que é espaço, escrevo,
é onde a sombra se dobra e esconde,
e, na paz do silêncio, digo,
e, no silêncio da luta, faço,
é onde a beleza se abre,
e, no espaço que é tempo, sou,
e, no tempo que é tudo, desisto.
Neste futuro nada proclamo e muito calo,
uma vida toda,
talvez mesmo a vida toda,
passado, presente e futuro,
ser só palavra não é enredo,
ser só abstracção não é nada,
ser só sonho não é arte,
ser só ilusão não é vida,
ser só folha não é livro,
ser só é ser sozinho.
E, nesta certeza, asseguro que o futuro,
além de, na realidade, não existir,
cada vez está mais próximo do fim.
Assim sou eu nestes dias,
asfixio neste tempo que desfaço.
30/10/2009
little boy
Little Boy Blue
Come blow your horn
The dish ran away with the spoon
Home again home again
Saturday morn
Never gets up before noon
She used to render
You legal and tender
When you used to
Send her your promises boy
A dill or a dollar
Unbutton your collar
Come out and holler
Out all of your noise
Little boy blue
Come blow your top
Cut it rite down to the quick
Don't sit home and cry
On the fourth of july
Around now you're hittin' bricks
Little boy blow
Lost little bo peep
She fell thru a hole in the nest
Now ain't it peculiar
That she's finally cooled your
Big wheels just like all of the rest
Whenever it rains
The umbrella complain
They're always gettin' played for a chump
So mark and strike it
She's history now
And you're hangin' out at the pump
Little Boy Blue
Come blow your horn
The dish ran away with the spoon
Home again home again
Saturday morn
Never gets up before noon
She used to render
You legal and tender
When you used to
Send her your promises boy
A dill or a dollar
Unbutton your collar
Come out and holler
Out all of your noise
será que foi a gorjeta
10.000 € dez mil euros DEZ MIL EUROS
outra vez
10.000 € dez mil euros DEZ MIL EUROS
medo
Criança morre com gripe A, surto de gripe A na escola não sei quantos provoca medo nos encarregados de educação, a vacina da gripe A não é segura, pessoas cada vez mais novas sofrem AVC's que matam e estropiam que se farta, os consumidores e as empresas apresentam índices de grande desconfiança e medo em relação ao futuro, na França os trabalhadores da FT matam-se porque desistiram de lutar e em Portugal continuamos tão contentes na nossa tristeza miserável que é preciso é que o Benfica continue a golear, aliás, várias pessoas de um clube adversário já vieram dizer que não têm medo do Benfica.
Depois é o resto, fumar mata, prejudica a saúde, provoca doenças cardiovasculares, dá cabo do esperma e da tesão, os fritos idem, idem e até o ar, sim respirar, faz mal, provoca alergias e infecções respiratórias, ui que medo.
Portanto cuidem-se e sobretudo tenham medo, muito medo, ou experimentem ir dançar para o Afeganistão ao som de uma música com pintelho na letra.
29/10/2009
um poeta também fode
Um poeta também fode,
amar ama sempre.
Num corpo carne
ou folha de papel
faz-se o amor que sente
e no meio de muitos
o poeta é diferente
entre todos iguais
porque o acto é foder
amar é muito mais.
A partir daqui
http://wind9.blogspot.com/2008/05/um-poeta-no-fode-ama.html
28/10/2009
rosas em mar de espinhos
Só admito estar ao pé de ti
sempre e só junto a ti
se te puder beijar os lábios,
acariciar o palato com a língua
e conhecer todas as palavras
na troca da saliva que fazemos.
Transformar o teu corpo
num abraço de querer,
como só eu soube e sei fazer.
E respirar.
O cheiro que sentia a fome,
feito na pele,
da pele que cheirava,
e, também, o sexo claro,
porque teu.
E, finalmente, saciar-me na recompensa
da tua capacidade de acolhimento,
piscares-me um olho cúmplice,
sorrires e receber o meu amor.
Todo.
Porque esta é única existência que conheço e sei.
Porque a vida não é um mar de rosas,
ainda bem porque os espinhos aleijam.
27/10/2009
espaço para uma fêmea
Pequena tipologia sexual feminina
Há a frígida, que não se interessa, ou gosta pouco, ou acumulou más experiências. Há a burguesa, que tem uma libido mediana e que deseja intimidade, compromisso e maternidade. Há a sedutora, que vive em função do feedback gerado pelo seu aspecto físico. Há a espevitada, que por divertimento, instabilidade ou provocação anuncia a todos a sua promiscuidade fantasiosa ou verdadeira.
Pedro Mexia no blog Lei Seca
Caro Dr. Mexia sou uma mulher simples, tenho a minha dose de más experiências, desejo muito ser mãe e intimidade também, faço, cuidadosamente, a depilação e tento apresentar-me bem gostando que reparem em mim, mas não há nada que me dê mais satisfação do que provar-lhe o corpo todo, ficando, no fim, com o sabor do seu interior dentro de mim.
Diga-me serei uma frígida, uma burguesa, uma sedutora ou uma espevitada?
Atenciosamente,
M.
cretinos
Depois de anos e anos com iluminados treinadores que jogavam com dois e até três trincos, com médios a pontas-de-lança, com defesas centrais a laterais, com tácticas de 4x1x3x2 ou 4x2x3x1 ou 5x1x3x1 e sei lá que mais, Jorge Jesus revelou-se um cretino, aliás um verdadeiro cretino, ao não desviar um central para defesa esquerdo, como seria feito por 99,9% dos treinadores, e por lá o Coentrão. Então ó meu grande cretino vais por um molho verde de coentros, que ainda recentemente era acusado de infantil, egoísta e que não ajudava a defesa, a defender. Ca ganda maluco. Ficaram ofendidos contigo por causa daquela cena dos 4 dedos mas eu percebi, estavas a dizer ao Coentrinho para ficar de quatro para ver se o jogo ficava mais renhido, ainda bem que ele é verde e não foi na tua conversa.
No final também foste um grande cretino, depois de uma vitória por 8 a 1, sim disse bem 8 a 1, e daquele senhor que fala muito bem o machadez te chamar cretino ainda vais dizer, no teu português ali da Rua da Meloas, que o homem é um bom treinador e está a fazer um bom campeonato e mais não sei quê. Então ele elogia-te com aquela cena do vintém e do cretino e tu, armado em cínico como se não tivesse bastado a cena da coentrada, ainda vais ofendê-lo.
Além disto tudo não sabes falar machadez, nem quiqueflorez, nem treinadorez, aliás não sabes falar ponto e deitas muitos perdigotos, ora um homem que não controla a saliva como é que controla uma equipa de futebol. Por isso é que os rapazes andam ali a correr feitos malucos e a meter bolas dentro das balizas, parecem uns animais selvagens enviados pelo Belzebu, ali todos de vermelho aos saltos numa orgia de corridasepassesemaiscorridasemaispassesechutosegolosemaischutosemaisgolos. A determinada altura, houve uma sequência de tabelas entre o Aimar e o Saviola que até eu no sofá me senti tonto e baralhado, durante uns segundos nem percebi bem onde estava, já me queriam levar para o hospital e tudo, isso não se faz.
Raios.
Tenho, para mim, que não és treinador para o Benfica.
Parece que aquele paraguaio maluco acabou o jogo com um míssel lançado a 150 kmh. Depois digam lá se não anda ali o Demo.
22/10/2009
You’re pink you’re young you’re middle-class
they say it doesn’t matter
Fifteen blue shirts and womanly hands
you’re shooting up the ladder
Your mind is racing like a pro, now
Oh my god it doesn’t mean a lot to you
One time you were a glowing young ruffian
Oh my god it was a million years ago
Sometimes you get up and bake a cake or something
sometimes you stay in bed
sometimes you go la di da di da di da da
til your eyes roll back into your head
Your mind is racing like a pro, now
Oh my god it doesn’t mean a lot to you
One time you were a glowing young ruffian
Oh my god it was a million years ago
You’re dumbstruck baby
You’re dumbstruck baby now you know
You’re dumbstruck baby
You’re dumbstruck baby now you know
Your mind is racing like a pro, now
Oh my god it doesn’t mean a lot to you
One time you were a glowing young ruffian
Oh my god it was a million years ago
You’re dumbstruck baby
You’re dumbstruck baby now you know
You’re dumbstruck baby
You’re dumbstruck baby now you know
You’re dumbstruck baby
21/10/2009
saramado
Para uns o homem tem um problema mal resolvido com o pai, para outros o homem não gosta de deus mas deus gosta muito dele, para mais uns tantos outros, que não leram nada do homem, o homem não sabe escrever, para outro ainda o homem devia deixar de ser português e, por fim, para mais uns muitos outros o homem tem um problema com a igreja.
Porra, com opiniões e frases destas bem o percebo.
ao consultório do Dr. Mexia
Se eu lhe enfiar um vibrador no cu e lhe comer a cona com tudo o que tiver à mão, boca e o resto do corpo todo e no fim souber quantos orgasmos teve e lhe disser, foi bom meu amor quero mais e amanhã também e depois e depois e depois e depois e depois, será que serei um romântico, um agressivo ou um perverso?
20/10/2009
mais sintonias
http://amc-nuncamais.blogspot.com/2009/10/vera-lynn.html#links
Aqui lembram o The Wall por causa de Vera Lynn, já aqui disse que o The Wall foi o primeiro disco comprado por me, myself and I, não disse foi que levei um mês a juntar os cerca de 300 paus que custava, para o conseguir tive de ir roubando ao meu pai, da mesa de cabeceira onde guardava os trocos, moedas de 25 tostões e 5 escudos e que, aos 11/12 anos, me deixou completamente arrebatado, sensação parecida só com os Stone Roses e Ok Computer.
Lembrar a forma como tudo era tão difícil de conseguir nessa altura sabe quase tão bem como ouvir esta preciosidade, das primeiras que aprendi a tocar.
19/10/2009
em sintonia
Tenho-me ficado por aqui, neste mar manso, como os bois.
Já não escrevo há tanto tempo que o tempo não lembra,
mas hoje aconteceu-me algo triste, realmente triste.
Tive um vizinho em minha casa que a mulher morreu faz dias,
veio pedir-me um favor e acabou a chorar-me as paredes.
Invejei o desespero franco deste homem,
a nobreza, o carácter e a verdade diante de mim.
Sou uma mentira, um pechisbeque dos sentimentos.
Existe tristeza maior que uma tristeza sem sentido?
Um cancro, dois cancros, três cancros, quatro cancros,
e eu a vê-los passar, incólume, absurdamente intacto.
Histórias de força, de luta, de desespero e muitas de fé,
sentimentos que estranho e desconheço.
Excepto esta angústia ridícula, vaga e errónea,
que mais parece uma colher de sopa estragada,
azedada num plástico tipo tupperware de terceira categoria.
Volto a escrever para dar conta da realidade que represento,
um mendigo de sensações que não se move nem comove.
Neste espaço de absurdos a minha astenia cansa-me,
sinto uma ansiedade crescente dentro de mim,
um volume de nada que aumenta enchendo-me todo o corpo.
Discuto comigo em silêncio e levanto a voz,
peito que se abre expondo as entranhas estranhas,
irrompe em palavras, frases desconexas que assustam e assustam-me,
até ao delírio de um ataque que, mentiroso,
engana-me e deixa-me em disputa disparatada com o ar.
Nesta luta é o ar que me leva um pânico que desconhecia.
music box
Este sábado, após convite irrecusável, lá fui até ao music box ver os Golpes e a festa dos 30 anos do primeiro single do roque portuga, Jorge Morreu dos UHF. Alguns conhecidos que não via há anos no público e no palco também.
Os Golpes mostraram muita energia mas uma fórmula sempre igual na composição e prefiro guitarras afinadas, embora o barulho da energia tivesse disfarçado a coisa. Pior foi quando já no fim disseram que a seguir vinham os UHF, uma banda que nos merece o maior respeito. Ok rapazes, respeito/rock não liga muito bem mas se é o que sentem.
Depois os UHF, que dizer dos UHF, entre os que odeiam, muitos, e os que amam, alguns, existe um espaço sobre o qual é possível fazer uma análise mais séria e cuidada de uma carreira que sem ser brilhante teve momentos importantes que interessa realçar e admirar. Entre outros, um desses momentos foi, precisamente, o trabalho pioneiro de desbravar caminhos, não só na edição como nos concertos pelo País inteiro do então chamado roque português. Tenho uma relação demasiado próxima e afectiva com esta banda e mesmo com muitos dos seus elementos, actuais e passados, pelo que se me tornaria muito complicado fazê-lo, mas gostava e acho importante que alguém o faça.
O concerto foi bom, um alinhamento mais cru próprio para o espaço em questão, apenas dois apontamentos. Poesia tudo bem mas discursos dispensava e os Golpes serem o futuro do roque portuga também me parece uma frase perigosa.
Resta-me dar os parabéns ao Tó um e dois, ao Ivan, ao Fernando e ao meu amigo Renato Gomes, agora fora das lides mas ainda um guitarrista como poucos.
Ficam três boas canções ouvidas no sábado.
16/10/2009
pior que as praias do allgarve
Erosão Conjugal
«Ocorre a Harry que a sua mulher é um canal [de televisão] que não se pode mudar. A mesma testa um pouco alta de mais, a mesma fresta lisa e tola entre os lábios, dia após dia, a todas as horas, na mesma emissora.»
John Updike, Coelho em Paz, p. 180
[Porto: Civilização, Setembro de 2009, 539 pp; tradução de Carmo Romão; obra original: Rabbit at Rest, 1990]
Reinventar, é a chave. Há aqueles que compram um ecrã de cristais líquidos para testar o brilho que se perdeu por anos de monotonia. Alguns, aproveitando as liberdades que, apesar de tudo, outros vão conquistando por nós, apostam no contraste e agarram no plasma que se cristalizou na juventude dentro do armário, e partem à descoberta. Outros ainda, talvez mais sórdidos e não menos comodistas, cedem ao fastio e abrem os cordões à bolsa para uma subscrição extra de acrobacias em tecnicolor. Há ainda quem lhe custe abandonar o arrepio da descarga eléctrica do tubo catódico, munido para isso de uma auto-indulgência não pressentida, escreva em blogues, exercitando o músculo da sua caudalosidade desde há muito definhado, encapsulado. Faz um zapping. Tens de mudar de vida! [Rilke]
AMC
Sublinhados meus
Aqui: http://amc-nuncamais.blogspot.com/
coisas que me fazem muita impressão
Uma coisa que me tem feito muita impressão nos últimos tempos, tem sido os constantes suicídios dos trabalhadores da France Telecom. Na mesma França onde a ilusão e ingenuidade comandou em 68, hoje a pura e dura realidade cai que nem uma bomba na vida das pessoas.
Existem ainda muitos potes para encher, cada vez com fundos mais longínquos e com necessidades mais prementes de mão-de-obra silenciosa, obediente, submissa e desumana, isto não é novidade sempre foi assim, o que se me afigura extraordinário é a desistência. No País da revolução, da luta pela liberdade, no País de uma cultura com raízes fundas, esta desistência parece-me um exemplo típico da decadência de uma Europa velha, triste e cansada.
Em Portugal não estranharia, ou talvez não, a nossa tristeza e miséria profunda são já um traço civilizacional a que nos habituámos e aprendemos a suportar, agora em França surge-me como um problema bem mais preocupante que a pseudo-crise económica, a pseudo-gripe suína ou qualquer outro soundbyte que os media tanto gostam.
Nós europeus somos, agora, doces patinhos ao alcance de qualquer vírus, seja ele a Alqaeda, as flutuações económicas, a gripe ou os estridentes media que fazem alarde de tudo isto e quase esquecem a dimensão social, cultural, simbólica do que estes suicídios representam.
e que princesa
Music is a princess
I'm just a boy, in rags
I would gladly spend my life
carrying her flags
From the first time I heard her
the sound of her voice
and her beauty completely bewitched me,
I was lost then and there
I was given no choice
ever since, there's been no peace for me.
You see,
music is a princess
I'm just a nobody
who'd gladly give his life
for her majesty.
If in dying I'd move her or make her heart stir
if I thought for one moment I'd be missed...
but extravagant gestures are wasted on her
she's a princess, I'm Oliver Twist.
Music is a princess
I'm just a boy, in rags
I'd gladly spend my life
carrying her bags
If their weight is much greater than I first supposed
I'd remember my oath of allegiance
true love is a monarch who won't be deposed,
treason hasn't a chance.
Music is a princess
I'm just a boy, in raaa-aags
Music is a princess
I will remain unknown,
falling asleep at night
dreaming of her throne
But her jewels are brighter than my eyes can bear
and although she is something to die for,
I do not have the slipper she's waiting to wear
so my dreams remain dreams nothing more.
Her jewels are brighter than my eyes can bear
yes, she is something to die for,
but I don't have the slipper she's waiting to wear
I'm a boy dressed in rags at her door.
Music is a princess
I'm just a boy, in raaaaaags
In raa-aaaa-aags
In rags
14/10/2009
circus mais que maximus
Não gosto de circo nem de animais mal tratados, mas qualquer dia não pudemos dar uma quanto mais duas.
Quem nos proteje destes animais racionais. Depois queixem-se da Maitê.
hoje há conquilhas amanhã não sabemos
Parece que para a Maitê Proença somos inabéis e atrasadinhos. E não vives cá mulher, senão ainda conseguias mais uns adjectivos simpáticos.
respirar
Conheci, recentemente, um blog de alguém que vim a saber muito badalado. Depois de ler alguns textos não percebo a excitação (excitação para mim é mais gajas) mas ultrapassando o parêntesis, não percebo o frémito por alguem que escreve como um genial guitarrrista que não sabe quando o talento das suas malhas impedem a canção de respirar.
13/10/2009
arejar IV
Gostavas de fazer uma canção que fosse tão transparente quanto o silêncio que ouves no desespero da tua agonia, perder-te em malhas soltas na brisa que areja a tua memória e descalçar os sapatos na dança das palavras que te caiem em cima como pedras nos rins gastos. Querias fazer uma canção da cor do teu desespero quando à meia-noite fitas o futuro, feito de falsa e fétida fé.
Fuck-se.
Não querias mais nada?
Arejar III
aLto voa o sonho; pacienta a esfinge; que caia na sua alçada uma alma que saiba que o jogo só pode ser jogado quando não houver regras. Esperar é um defeito. É temer ousar contra a carne e morder no vazio.
Mãos-na-carne: só essa a verdadeira essência do animal que outrora fomos e que sonhamos tentar ser de novo.
12/10/2009
arejar
Sou um sonho que nunca lembro
Que visita o meu corpo
Por vezes
Expondo a alma que desatina
Sangrando corroída
Pelo passar do tempo
Sou um sonho que nunca lembro
Sou um verso que esqueço
Porque sempre em movimento
Como a vida
Perdendo-se como a memória
Que farta se esconde
Num papel branco
Sou um verso que esqueço
Sou a realidade que não existe
Que perturba o sentimento
Sempre
Desgastando um espírito gasto
Que jaz ébrio
Pelo passar do tempo
Sou a realidade que não existe
Sou um poema que não tem fim
Porque nunca estático
Como o desejo
Ganhando cor e fantasia
Que alegre desponta
Numa folha vazia
Sou um poema que não tem fim
Sou uma imagem que parte
Que serena percorre mundo
Por vezes
Reflectindo todas as cores e lugares
Todos os credos e pensamentos
Pelo passar da história
Sou uma imagem que parte
Sou um livro que nunca li
Porque o sei de cor
Como a realidade
Onde procuro uma ideia
Que bela se transforme
Num compêndio vasto
Sou um livro que nunca li
Sou a vida que pretendo
Que agarro e perco
Sempre
Sonhando todos os momentos
Querendo todos os momentos
Pela passagem efémera
Sou a vida que pretendo.
culpado
Por volta dos meus 10 anos e durante uns meses eu pensei que isto era o futuro do rock. Que fascínio aquela careca e aquela bateria electrónica tocada de pé.
Na mesma altura também gostei destes,
mais estes.
e ainda estes.
04/10/2009
estado de guerra
Gostava de desistir, deitar-me com as árvores sobre a terra e parar, ficar quieto, totalmente estático. Desistir de tudo sem contemplações, de todos os pensamentos e movimentos e, simplesmente, existir porque estou lá. Como as árvores, firmes e robustas.Gostava de desistir, confundir-me numa planície repleta de flores e parar na mistura aleatória de cores. Abandonando em cada pétala tudo o que conheço e aprendi e, simplesmente, existir em cada espécie. Ser todas as cores da natureza.Gostava de desistir, inserir-me deserto dentro sobre as dunas e parar na imensidão do horizonte. Sossegando o cansaço da gravidade, de todas as recordações e enganos e, simplesmente, existir no crepúsculo que, breve, desponta todos os dias.Gostava de desistir, afundar-me no oceano, ser uma onda e parar na areia infinita de uma praia, desaparecendo por entre cada pedaço e também os desejos, os sonhos e, simplesmente, existir em cada grão, tornando-me o infinito que não se encontra.Gostava de desistir, elevar-me ao céu sobre as nuvens e parar, aconchegar-me nas várias formas, perdendo todos os contornos que sou e também o tempo, passado e futuro e, simplesmente, existir no presente, em todas as formas e contornos possíveis.Gostava de desistir, perder-me no espaço com as estrelas e parar nos braços ternos de uma lua, desintegrando-se todo o corpo palpável e também o espírito mais a alma e, simplesmente, existir na eternidade, num ponto qualquer do universo.
Gostava de desistir, mas não sei.
Gostava de uma deixa que me permitisse continuar, por aqui fora sem mais que a loucura da certeza da inconsequência, um bocado, um pedaço, uma terra, um país, um continente, um mundo, o universo. Um tanto que será sempre tão pouco ou tão mais que este nervo que me tira o sono depois deste filme que me derrota e deixa amargo, ainda mais amargo nestes ácidos gástricos que não controlo e que, dizem, vem da minha inquietação. Ansiedades mil, caralho preciso é da droga, dá-me com a cannabis na minha inércia, espeta-me o cachimbo nos olhos para ver se acordo, leva-me nesse avião e desampara-me nessa guerra em cima de uma bomba por explodir. Só, eu e a minha eternidade ilusória, sem palavra, sem expressão, sem conjecturas, sem falácias, sem engano, sem política. Apenas só. E só sou comigo e contigo, explosão da alma, puta traiçoeira que não comando.
Gostava de sorrir aos Deuses e dizer-lhes que dificilmente me domam o espírito, mas que quero que continuem a tentar. Apaziguar-me em festas do jet7 ou no jacto orgásmico directo ao centro da fémea que desejo ou fazer-me mulher e receber vida, vida dentro que não sou mas que tenho e acarinho, dobrar-me as costas e parar com as revoluções fictícias e mais os golpes neste estado que sou, segurar-me nesta melancolia que figuro e amparar-me a queda desta tristeza que me assalta quando o vento me larga sem norte.
Preciso que a melodia que rodopia na minha cabeça se torne uma canção e se faça em arco-íris com um pote de ouro no fim ou em balões vermelho sangue que o vento leva em festa pelo céu azul, numa bola de andebol que giro nas mãos das crianças que tenho, em gomas coloridas que dou ao meu filho que ri satisfeito e feliz e me pede para ir ao estúdio tocar bateria parando aqui esta alucinação. Que bom rir, eu sorrio e vou-me com ele e os ácidos acalmam-se, esquecem-se das explosões, da traição, da guerra, da vida.
Gostava que o mundo fosse uma prateleira infinita de pacotes coloridos de flocos, mas não é.
01/10/2009
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