31/01/2012

prova documental

Preciso de prova documental, sempre precisei, talvez por optimismo, talvez por masoquismo. E quem procura provas documentais está condenado a encontrá-las.

aqui: http://a-leiseca.blogspot.com/2012/01/prova-documental.html

bom dia

Do passado Manuel Zacarias Segura Viola tenta reter o que a vida lhe ensinou, cada pedra pisada foi um caminho, cada palavra teve um contexto, cada acorde uma motivação, cada acontecimento uma estória, mas, como diz o outro, o passado foi lá atrás. Do presente guarda o sol da manhã tardia que lhe bate nos olhos e as vagas nos pés enterrados nos grãos finos da areia. Do futuro a tentação de voltar a mergulhar sem medo do tamanho da onda, até porque um dia Zacarias não será mais que a terra que gosta de pisar.
Desperto para o mundo, o coração de Zacarias também sabe bater ao sabor do vento.

going home


I love to speak with Leonard
He’s a sportsman and a shepherd
He’s a lazy bastard
Living in a suit
But he does say what I tell him
Even though it isn’t welcome
He will never have the freedom
To refuse

He will speak these words of wisdom
Like a sage, a man of vision
Though he knows he’s really nothing
But the brief elaboration of a tube

Going home
Without my sorrow
Going home
Sometime tomorrow
Going home
To where it’s better
Than before
Going home
Without my burden
Going home
Behind the curtain
Going home
Without the costume
That I wore

He wants to write a love song
An anthem of forgiving
A manual for living with defeat
A cry above the suffering
A sacrifice recovering
But that isn’t what I want him to complete
I want to make him certain
That he doesn’t have a burden
That he doesn’t need a vision
That he only has permission
To do my instant bidding
That is to SAY what I have told him
To repeat

Going home
Without my sorrow
Going home
Sometime tomorrow
Going home
To where it’s better
han before
Going home
Without my burden
Going home
Behind the curtain
Going home
Without the costume
That I wore

I love to speak with Leonard
He’s a sportsman and a shepherd
He’s a lazy bastard
Living in a suit

30/01/2012

bom dia

Manuel Zacarias Segura Viola gosta de olhar para todo lado e ter várias perspectivas das coisas, incluindo a periférica. Quando se levanta gosta de olhar para o sol, e, se por um momento pode ter um devaneio sonhador, do que gosta mesmo é de ouvir, aprender, fazer e dizer.
Para o coração de Zacarias chega-lhe a noção de, em todas as formas de olhar, se sentir vivo e acordado procurando fazer sempre o melhor, o que quer que isso seja.

25/01/2012

ar puro

mais presidentes

e não é político

Estou numa relação mas é complicado.

Ver aqui: https://www.facebook.com/#!/CavacoSilva?sk=info

espécie de qualquer coisa

E o facebook tem a sua piada para alguns de nós seres mortais comuns, agora para coisas sérias como mensagens do sr. sisudo e marcações de manifs faz-me assim uma espécie de qualquer coisa.

o sr. sisudo

Estou-me nas tintas para o que ganha o sr. sisudo, para as reformas do sr. sisudo, para as regalias do sr. sisudo, e até para a demagogia do sr. sisudo, o que não tenho mesmo pachorra é para o péssimo primeiro que foi, para a corja de vigaros, sacanas e bandidos de que se rodeou, que sempre amparou e que sempre o ampararam. Claro que o sr. sempre pairou sobre tudo isto, tanto como primeiro como agora como presidente, nem nunca tirou dividendos desta corja toda, aliás ele é puro como a nossa sra., virgem como o azeite e escorregadio também, aliás nem político é coitado. Podia era ser menos pobre de espírito e de reforma também já agora, 10 mil aérios para um presidente, muito mal está um país que um presidente tem só isto de reforma. Se tivesse trabalhado como deve de ser podia ter uma reforma maior e o povo que infelizmente representa também.

Killing In The Name

bom dia

Manuel Zacarias Segura Viola gostava de se espantar com algum mundo, mas já não consegue. Entre um presidente tosco e saloio e a saloíce parola de manifestações facebokianas ou láoquéisso, a distância que existe é a de ver quem dá a dentada maior no bolo-rei e o consegue manter mais tempo na boca aberta em frente das câmaras da TV. Claro que este concurso foi ganho há muito tempo pelo sr. presidente, daí ele ser o sr. presidente eleito de todos os portugueses, inclusive do pobre Zacarias. Foda-se!
Nesta conjuntura desconjunturada Zacarias renúncia ao ponto de encontro facebokafkiano, dar asas ao coração e viver uma vida real de guitarra a tiracolo mais uma G3 que dispare balões de água na cara desta gente ser-lhe-á suficiente.

24/01/2012

alturas existem em que não há palavras
em que as canções se tornam frágeis
a poesia uma ilusão de ritmo ou futuro
e no mármore se cravam epitáfios mais ou menos banais
alturas existem em que ficamos pequenos
tão pequenos como o grão mais ínfimo
como o mais ínfimo átomo que somos
e na terra cravamos as mãos um lugar para o corpo
alturas existem que não existimos
por segundos desfaz-se o tempo
nada se faz útil nada se pensa útil
e a inutilidade é um pensamento tão vago como tudo
alturas existem que as flores são feias
de um odor indefinido a vazio
e o vazio uma canção sem nome
que um dia cantaste a alguém


http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/2012/01/rui-costa-1972-2012.html

19/01/2012

para o D.

Depois de duas semanas muito tristes e complicadas, chegar de levar um filho rabugento à escola ligar o computador e ver um comentário do Daniel é o tipo  de coisa que considero extraordinário, não só pela surpresa como pelo timing.
Quando vivi em Mamaroneck em 2003-2004, trabalhei num restaurante em Yonkers http://www.lusitaniarestaurant.com/, em dias de grandes festas acompanhavam-me no serviço às mesas um cinquentão bonacheirão e anafado de bigode retorcido e o Daniel, um puto de 18 anos que no final ficava a arrumar a sala comigo. Enquanto varríamos tinha paciência para ouvir os meus dilemas existências, as mágoas e angústias da altura, lembro-me de uma noite em que depois de uma festa de bombeiros, ainda ressacados do 11 de Setembro, depois de pôr no lixo mais garrafas de cerveja do que alguma vez verei na vida, ficámos a contar a alta gorjeta e a conversar até tarde. A tudo o que eu dizia respondia com uma simplicidade desarmante, o espaço para grandes metafísicas ficava ali despojado na nossa simples realidade. Uma brincadeira que eu e o anafado bigodes tínhamos era despedirmo-nos dele com beijinhos, coisa que o rapaz não gostava nada, com a azáfama dos anos fomos perdendo o contacto.

Daniel, saber que te lembras de mim é uma honra, ver que lês o meu blog é estapafurdio, saber que cresceste bem é um orgulho. O teu comentário comoveu-me, eu e o Zacarias aprendemos muito contigo.
Bjs :)

16/01/2012

o corvo voa

Lembrei-me de uma expressão de Oakeshott, «the pursuit of perfection as the crow flies». Procurei essa passagem: «The pursuit of perfection as the crow flies is an activity both impious and unavoidable in human life. It involves the penalties of impiety (the anger of the gods and social isolation), and its reward is not that of achievement but that of having made the attempt. It is an activity, therefore, suitable for individuals, but not for societies». As minhas ideias sempre foram desfavoráveis à «busca da perfeição» na sociedade, ao passo que o meu temperamento favorecia a «busca da perfeição» no indivíduo. Mas talvez as minhas ideias tenham levado a melhor sobre o meu temperamento, ou o tenham modificado, na medida em que cheguei à conclusão de que também o projecto individual está condenado. Oakeshott, no mesmo ensaio, explica: «For an individual who is impelled to engage in it [the pursuit of perfection], the reward may exceed both the penalty and the inevitable defeat. The penitent may hope, or even expect, to fall back, a wounded hero, into the arms of an understanding and forgiving society. And even the impenitent can be reconciled with himself in the powerful necessity of his impulse, though, like Prometheus, he must suffer for it». Já passei por isso, tentei e falhei gloriosamente em devido tempo, com o devido dramatismo prometaico e o devido chinfrim. Agora, fico-me por objectivos modestos, a segurança e a decência, por exemplo. Fico a ver o corvo voar em vez de voar com ele.

aqui: http://a-leiseca.blogspot.com/

bom dia

Manuel Zacarias Segura Viola, apesar da idade, da evidência experenciada e sabida, continua a lidar muito mal com a bazófia e a hipocrisia. Depois, não sendo homem dado à parvoíce da mundanice nem ao logro de uma intelectualidade estéril, acaba por ficar num meio que só contribui mais para uma tendência misantrópica que nunca desejou.
Assim, resta ao coração de Zacarias reconhecer quem de facto lhe faz bem e, por vezes, fazer um teste de esforço cardíaco para aceitar, desde que não fique sem ar.

13/01/2012

recomeçar

Recomeça….
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

Miguel Torga


aqui: http://hipocrisiasindigenas.blogspot.com/2012/01/recomecar.html

07/01/2012

exorcismo

O senhor precisa de esquecer que o mundo existe, precisa de esquecer-se de si próprio, precisa de criar na sua vida momentos de suspensão, precisa de ler e de escrever como se não houvesse nada mais importante sobre a terra, precisa de alimentar os seus medos e as suas frustrações com o veneno da indiferença, precisa de dizer adeus ao passado e, se lhe não for doloroso, ao próprio futuro.

Ler tudo aqui: http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/2012/01/exorcismo.html

06/01/2012

para L



Show me the place where you want your slave to go
Show me the place i've forgotten i don't know
Show me the place for my head is bending low
Show me the place where you want your slave to go

Show me the place help me roll away the stone
Show me the place i can't move this thing alone
Show me the place where the word became a man
Show me the place where the suffering began

The troubles came i saved what i could save
A thread of light a particle a wave
But there were chains so i hastened to behave
There were chains so i loved you like a slave

Show me the place where you want your slave to go
Show me the place i've forgotten i don't know
Show me the place for my head is bent and low
Show me the place where you want your slave to go

The troubles came i saved what i could save
A thread of light a particle a wave
But there were chains so i hastened to behave
There were chains so i loved you like a slave

Show me the place
Show me the place
Show me the place

Show me the place help me roll away the stone
Show me the place i can't move this thing alone
Show me the place where the word became a man
Show me the place where the suffering began

precocidade

A certa idade, que varia segundo as pessoas mas que se situa por volta dos quarenta, a vida começa a parecer-nos insípida, lenta, estéril, sem atractivos, repetitiva, como se cada dia não fosse senão o plágio do anterior. Algo em nós se apaga: entusiasmo, energia, capacidade de fazer planos, espírito de aventura ou simplesmente apetite de prazer, de invenção ou de risco. É o momento de fazer uma paragem, reconsiderar a vida sob todos os seus aspectos e tentar tirar partido das suas fraquezas. Momento de suprema eleição, pois trata-se, na realidade, de escolher entre a sabedoria e a estupidez.

Julio Ramón Ribeyro, in Prosas Apátridas, trad. Tiago Szabo, Edições Ahab, Abril de 2011, p. 67.


Aqui: http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/2012/01/precocidade.html

05/01/2012

livros do ano

"Quando nascemos, alguma divindade marca com uma cruz preta o nosso nome e a partir daí a vida não dará tréguas, não encontraremos senão obstáculos, chacota, ciladas, e teremos de suar a mais pequena alegria, remando, lutando contra a corrente, vendo os afortunados a deslizar na margem, de trunfo na mão, e sem nos permitirem a menor distracção, pois é isso que se espera de nós, que cedamos um instante ao desânimo para que a arma penetre até ao cabo."

Prosas Apátridas, Julio Ramón Ribeyro, tradução de Tiago Szabo, ed. Ahab


Sérgio Lavos aqui: http://www.retrato-auto.blogspot.com/2011/12/livros-do-ano-1.html

lust for life

vontade

bom dia

Mais crise menos crise, mais mundo menos mundo, o que Manuel Zacarias Segura Viola deseja para o novo ano é que a tesão se mantenha, porque Zacarias sabe que sem tesão não há vontade e sem vontade não há nada, vegeta-se.
Nesta perspectiva, o coração de Manuel Zacarias Segura Viola sentiu que o ano começou muito bem, comeu as passas cheio de vontade.

i want you



antes da voz cavernosa.

ética da reciprocidade

O minimalismo moral teria sido suficiente. Que adoptassem a «regra de ouro» cristã (faz aos outros o que queres que te façam a ti) ou o «imperativo categórico» kantiano (age segundo um princípio que queiras como lei universal). Essa ética da reciprocidade existe no islamismo, no judaísmo, no confucionismo, no budismo, no hinduísmo e no humanismo laico e é talvez o mínimo denominador comum ético. E no entanto nada parece mais difícil, porque a reciprocidade requer humildade e empatia, bens escassos. Praticamente as únicas pessoas que até hoje vi seguirem uma ética da reciprocidade sem falhas foram pessoas auto-destrutivas, que, como é óbvio, subvertem o princípio de onde parte a regra de ouro. Fora disso, tenho convivido com severos Jeremias que depois fazem alegremente, alarvemente, o contrário do que exigem. O meu percurso moral, reconheço, não é recomendável, mas sempre me mantive fiel a esse preceito, em tempos bons e maus cumpri os mínimos, mesmo quando falhei os máximos, portei-me mal mas nunca nisso, segui sempre a ética da reciprocidade, do pouco que valho tenho isto a alegar antes de pedir justiça.

Pedro Mexia aqui: http://a-leiseca.blogspot.com/2012/01/etica-da-reciprocidade.html