23/12/2012

bom dia

A árvore sempre se fez e Manuel Zacarias Segura Viola nem reparou, já lá vai o tempo que Zacarias brilhava com as luzes do pinheiro, antes natural, ultimamente plástico como tudo o resto. Ainda por cima não há chaminé e as meias estão rotas.
É natal, é natal, e o coração de Zacarias cheira mal.

19/12/2012

Câmara Clara


Também eu fiquei desiludido com o anúncio do fim do programa Câmara Clara (RTP2). Para além das interpretações que a notícia tem suscitado, não posso deixar de partilhar o desencanto de intervenções como a de Vasco Graça Moura (no DN), sublinhando a importância de contrariar “a tendência fatal das televisões generalistas para a imbecilização colectiva”. Atentas à pluralidade da produção artística, as emissões apresentadas por Paula Moura Pinheiro provam, afinal, que é possível conversar em televisão sem favorecer uma crispação banalmente futebolística.
Ainda assim, não participo das atitudes de protesto “militante” sobre o fim do Câmara Clara. A questão de fundo é, para mim, radicalmente política: tem a ver com o modo como discutimos os valores que configuram o espaço social. Creio mesmo que há um penoso equívoco em defender seja o que for porque é “cultural”, opondo-o àquilo que não é “cultural”: temos um défice imenso de reflexão sobre a mediocridade galopante da “reality TV” (Big Brother e afins) e o poder normativo de algumas ficções (telenovela e seus derivados), já que quase todos consideram que tudo isso... já não é “cultura”.
A clivagem que está em jogo passa por aí (e não tenho dúvidas sobre o carácter minoritário do meu discurso). A meu ver, importa reconhecer que não há nada mais cultural que as monstruosidades televisivas todos os dias injectadas na imaginação e no imaginário dos portugueses. Porquê? Porque através delas se impõem valores sobre a forma como nos representamos, as histórias que partilhamos e os modelos de relação (profissional, conjugal, sexual) que estabelecemos. A cultura envolve uma permanente guerra de valores, não é um território apaziguado em que “consumimos” uma bondade redentora, superior às convulsões do mundo à nossa volta.
Genericamente, esta visão “purista” e “purificadora” da cultura continua a ser sustentada por um nostálgico e exangue imaginário de esquerda que a direita, enquistada na inanidade de pensamento a que chegou, vai reproduzindo com despudorada perversidade. No seu esquematismo, este é um discurso que satisfaz as boas consciências, de todos os quadrantes.
Claro que é triste que desapareçam programas empenhados em respeitar a inteligência dos seus espectadores. Mas o fundo do problema está nos que ficam, nesses que todos os dias, nos horários nobres, impõem a sua formatada mediocridade, promovendo a degradação galopante dos “outros” valores televisivos. Celebrar livros, filmes, músicas ou peças de teatro não basta para pensar a televisão. Importa perguntar, por exemplo, se podemos esperar que uma população maioritariamente formada a ver telenovelas (há mais de 30 anos!!!) se possa interessar pelos outros objectos a que chamamos “culturais”... A meu ver, não pode, mesmo que, quais anjos purificadores, lhes enfiemos “cultura” pela goela abaixo.

João Lopes 

aqui: http://www.sound--vision.blogspot.pt/

Slublinhados meus

16/12/2012

with or without you


See the stone set in your eyes
See the thorn twist in your side
I wait for you
Sleight of hand and twist of fate
On a bed of nails she makes me wait
And I wait without you
With or without you
With or without you
Through the storm we reach the shore
You gave it all but I want more
And I'm waiting for you
With or without you
With or without you
I can't live, with or without you
And you give yourself away
And you give yourself away
And you give, and you give
And you give yourself away
My hands are tied, my body bruised
She's got me with
Nothing to win and
Nothing left to lose
And you give yourself away
And you give yourself away
And you give, and you give
And you give yourself away
With or without you
With or without you
I can't live, with or without you
With or without you
With or without you
I can't live
With or without you
With or without you
Ooooooooo
With or without you
With or without you
I can't live
With or without you
With or without you

A Verdadeira Virtude

Não se pode pensar em virtude sem se pensar num estado e num impulso contrários aos de virtude e num persistente esforço da vontade. Para me desenhar um homem virtuoso tenho que dar relevo principal ao que nele é voluntário; tenho de, talvez em esquema exagerado, lhe pôr acima de tudo o que é modelar e conter. Pela origem e pelo significado não posso deixar de a ligar às fortes resoluções e à coragem civil. E um contínuo querer e uma contínua vigilância, uma batalha perpétua dada aos elementos que, entendendo, classifiquei como maus; requer as nítidas visões e as almas destemidas. 
Por isso não me prende o menino virtuoso; a bondade só é nele o estado natural; antes o quero bravio e combativo e com sua ponta de maldade; assim me dá a certeza de que o terei mais tarde, quando a vontade se afirmar e a reflexão distinguir os caminhos, com material a destruir na luta heróica e a energia suficiente para nela se empenhar. O que não chora, nem parte, nem esbraceja  nem resiste aos conselhos há-de formar depois nas massas submissas; muitas vezes me há-de parecer que a sua virtude consiste numa falta de habilidade para urdir o mal, numa falta de coragem para o praticar; e, na verdade, não posso ter grande respeito pelas amibas que se sobrevivem.
Só os sacristães são levados, por índole e ofício, a venerar todos os santos, sem pôr em mais alto lugar os que encheram sua vida de esquinas e no dobrar de cada uma sofreram agonias e suaram de angústia; mas, para nós, foram mais longe os que mais se feriram nos espinhos de uma remissa natureza; se a venceram merecem estar no céu; se não venceram, o próprio esforço lho devia merecer; no entanto já o inferno é uma forma de glória; para os outros seria bom que se criasse um novo recinto de imortalidade: e só o vejo estabelecido no lodo espapaçado de um fundo tranquilo, sem pregas de correntes nem restos de naufrágios; exactamente um cemitério de medusas. 
Para o que é bom por ter nascido bom e a única virtude consistiria em ser mau; aqui se mostrariam originalidade e coragem, mérito, portanto; porque ser mau por ter nascido mau só lhe deveria dar, como aos do lado contrário, o direito ao eterno silêncio. Por aqui se compreende que as vidas dos Sorel tenham sempre ressonância nas almas Stendhal; e também a sensibilidade, a delicadeza, todo o fundo de boas qualidades de certos grandes criminosos. Sei bem os perigos que tal doutrina pode ter transportada ao social e sei também a maneira de pôr de lado a objecção, alargando o conceito de virtude, dando-o como o desejo de superar e não como o desejo de combater; mas de propósito fiquei no que a virtude tem de luta entre a natureza e a vontade. 

Agostinho da Silva, in 'Considerações'

Sublinhados meus.

estou cansado


Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

Álvaro de Campos

Eu Vi O Sol Brilhar em Toda A Sua Glória

Se não temos a noção do tempo que temos, se não conhecemos a dimensão do espaço que ocupamos, se não sabemos se a memória é aquilo que lembramos ou aquilo que já esquecemos, se à noite sucede o dia e, depois, novamente a noite e outro dia outra vez, se ao sangue sucede a pele e se se rasga cicatriza e sucede uma nova, se à mão sucedem os dedos e aos dedos o toque e ao toque a coragem, como é que somos só aquilo que perdemos?

http://www.teatro-dmaria.pt/pt/calendario/eu-vi-o-sol-brilhar-em-toda-a-sua-gloria/

14/12/2012

Invincible WHO?


Follow through
Make your dreams come true
Don't give up the fight
You will be alright
'Cause there's no one like you
In the universe
Don't be afraid
Of what you're mind conceals
You should make a stand
Stand up for what you believe
And tonight we can truly say
Together we're invincible
And during the struggle
They will pull us down
But please, please let's use this chance to
Turn things around
And tonight we can truly say
Together we're invincible
Do it on your own
It makes no difference to me
What you leave behind
And what you choose to be
And whatever they say
Your soul's unbreakable
And during the struggle
They will pull us down
But please, please let's use this chance to
Turn things around
And tonight we can truly say
Together we're invincible
Together we're invincible

bom dia

Manuel Zacarias Segura Viola não gosta mesmo nada das palavras respeito e limites, dão-se a muitos equívocos, interpretações falaciosas ou, no mínimo, prepotentes, e foram, notoriamente, abusivas no tempo da nossa senhora. Para Zacarias são mais bonitas e objectivas as palavras consideração, estima ou reconhecimento por exemplo, não perdendo a noção que com papas e bolos se enganam os tolos. Já a responsabilidade surge a Zacarias como um pau de dois bicos, sendo importante o assumir da mesma nas mais variadas situações da vida, não deixa de constatar que os que mais se põe de parte nessa assunção são os que mais criticam os que, inevitavelmente e por vezes, erram no afã dessas mesmas responsabilidades.
Uma coisa descansa o coração de Zacarias, está farto de errar na vida.

13/12/2012

bom dia

Tipo, Manuel Zacarias Segura Viola conhece alguns tipos, tipo o arquétipo, tipo o estereotipo, tipo tipografia, tipo tipo de letra, tipo logótipo  tipo protótipo e, tipo, um tipo é sempre um tipo qualquer. Já fulano, tipo, não sabe bem o significado, mas, tipo, pensa que será, tipo, um tipo qualquer, isto se não for, tipo, um sicrano ou beltrano, não vá este, tipo, ter ciúmes, embora seja sempre um tipo qualquer. Tipo.
Zacarias, tipo, até conhece muitos tipos, o que o coração de Zacarias ainda não teve o prazer de conhecer foi uma tipa, tipo.

responsabilidade

Na verdade, era antes por ter sido obrigado a confessar os meus pecados. Sempre me causou aflição ver pessoas a sacrificar a vida na Terra com os olhos postos numa outra vida improvável. Interpreto esse sacrifício como uma aposta, pelo que vejo uma espécie de jogo na fé com que alguém se entrega a um dogma religioso. Não acreditando que Deus exista, coloco por vezes a possibilidade d'Ele existir e concluo que, a existir, o melhor é ser-lhe indiferente. Ele saberá o que fazer com a minha indiferença. Prefiro apostar que, a existir, Deus é uma entidade sábia e não uma entidade interesseira. Um sábio conseguirá distinguir os que foram bons indiferentemente daqueles que apenas o foram interessadamente. Mas parece-me muito mais… plausível… que Deus não exista, ou então que seja diferente daquilo que as religiões apregoam. Pensar Deus como o criador de todas as coisas, uma entidade omnisciente e omnipresente – atributos que lhe são reconhecidos pelos seres humanos -, retira a Deus a preciosidade da dúvida e sobrecarrega-o com uma monstruosa responsabilidade. 

Sublinhados meus

texto integral aqui: http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.pt/2008/09/ambiente-religiosamente-austero_09.html

ena pá 50 bejos - foda-se

bom dia

A Manuel Zacarias Segura Viola faz-lhe confusão maniqueísmos de qualquer espécie. Assim, quando lhe começam a falar de super-heróis e do alto valor de determinadas acções na vida, não se sente à-vontade e desconfia, já quando lhe falam do exacto contrário, umas vezes vezes dá-lhe para rir outras para pensar, sempre na certeza de que o espelho não é a exacta medida de todo o ser, embora faça muita gente mais gorda e maior do que o próprio reflexo. Zacarias desconfia ainda mais de quem morde a língua e não diz foda-se e até de quem não diz foda-se simplesmente. Depois neste chiqueiro que é, muitas vezes, a vida, ainda há o nojo que se mete ou deixa de se meter, um porco filho-da-puta intrometido invasor este nojo.
Nesta embrulhada, uma certeza assiste o coração de Zacarias, quando nos cagamos todos cheiramos mal.

bom dia

Manuel Zacarias Segura Viola gosta muito de porco. Dos pezinhos de coentrada ao fino lombo assado no forno, da simples costeleta até à não menos simples salada de orelha, da mais requintada cataplana ao mais popular e estaladiço courato, da banal salsicha ao admirável presunto, da carne de porco à alentejana às favas cheias de enchidos com sangue e sem sangue, do bacon frito ao tempero da banha do dito, Zacarias perde-se nos sentidos e, por vezes, o sentido.
Nesta azáfama delirante da razão, no coração de Zacarias uma dúvida subsiste: Será carne de porco ou de porca?

12/12/2012

a questão não é cortar é arrasar



aqui: http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.pt/

01/12/2012

o melhor "kitsch" do mundo


The summer air was soft and warm
The feeling right, the Paris night
Did it's best to please us
And strolling down the Elysee
We had a drink in each cafe
And you
You talked of politics, philosophy and I
Smiled like Mona Lisa
We had our chance
It was a fine and true romance
I can still recall our last summer
I still see it all
Walks along the Seine, laughing in the rain
Our last summer
Memories that remain
We made our way along the river
And we sat down in the grass
By the Eiffel tower
I was so happy we had met
It was the age of no regret
Oh yes
Those crazy years, that was the time
Of the flower-power
But underneath we had a fear of flying
Of getting old, a fear of slowly dying
We took the chance
Like we were dancing our last dance
I can still recall our last summer
I still see it all
In the tourist jam, round the Notre Dame
Our last summer
Walking hand in hand
Paris restaurants
Our last summer
Morning croissants
Living for the day, worries far away
Our last summer
We could laugh and play
And now you're working in a bank
The family man, the football fan
And your name is Harry
How dull it seems
Yet you're the hero of my dreams
I can still recall our last summer
I still see it all
Walks along the Seine, laughing in the rain
Our last summer
Memories that remain
I can still recall our last summer
I still see it all
In the tourist jam, round the Notre Dame
Our last summer
Walking hand in hand
Paris restaurants
Our last summer
Morning croissants
We were living for the day, worries far away..
Agradecido ao puto Mike - Lisboa x Almada