31/12/2009

amem, fumem, bebam - saúde

I’m running out of patience to be fucking with this now you better believe me when I say this now I’m packing up my nightmares and I’ll be on my way you better find me some time when you have more to say

Throwing Bones

Lançar-te-às aos ossos, esganiçado. Da carne mais engelhada, curada em mais uma volta ao sol, da inércia marinada numa ansiedade desconhecida, da revolta absurda contra o que já sabias, da raiva inconsequente feita na inconsequência de tudo, da memória atropelada por um pensamento desgovernado, de uma razão que, lentamente, te foi reencontrando, perdeste alguma vontade mas não perdeste a tesão e com tesão a vontade acaba sempre por não partir. Atirem mais ossos, no novo tempo que aí vem, atirem mais ossos, serão ruídos até ao tutano na certeza de que a fome vai continuar.

28/12/2009

azul

Dá-me um sonho azul, se puderes azul mar revolto em fúria na pele gretada salgando o anseio mais o desassossego e leva-me contigo maré baixa, troca-me as voltas nas correntes frias da tua profundidade e, devagar, retorna-me à superfície. Na onda venho com a maré alta e o sonho azul no pensamento.

portugalzinho

Quando fechei a minha empresa há cerca de 9 anos fiquei desempregado, na altura o centro de emprego, através de um programa chamado POC, colocou-me 1 ano na segurança social em Almada. No departamento de acção social onde trabalhei, lidei com situações que desconhecia, a estranheza não foi tanto a falta de condições, espaço pequeno para tanta gente, mas os métodos e processos de trabalho. Entre as várias tarefas que tinha, uma consistia em escrever no computador ofícios e relatórios vários (menores em risco por exemplo) que vinham manuscritos das assistentes sociais, entregavam-me o documento e passado 10/15 minutos para os ofícios e 30/40 minutos para os relatórios eu levava tudo pronto para ser assinado. Todos olhavam para mim de lado sem eu perceber porquê, passado umas semanas uma assistente lá me explicou que aqueles documentos costumavam estar dias, por vezes semanas, para serem despachados. Tudo me chocou, vinha da minha empresa onde chegava a trazer trabalhos gráficos complicados à tarde para entregar provas no dia a seguir de manhã, mas mais do que isso era o laxismo com situações como menores em risco, idosos doentes e outras parecidas, todas a necessitar de decisões urgentes e práticas. Apesar do ordenado de sessenta e tal contos, dos olhares e de me chatearem porque queriam que entrasse às 9 e eu entrava às 9.30 (podia entrar entre as 9 e as 10), aguentei esse ano e fiz as tarefas como as sei fazer. Portanto, quando leio textos sobre organismos públicos e a disfuncionalidade, a perversão, a falta de transparência, as fiscalizações deficientes, sei bem do que se fala, se até com pessoas frágeis e totalmente dependentes não querem saber imagine-se o resto.

27/12/2009

mais uma da menina descalça

like a puppet on a string

Como um boneco nas cordas do contentamento, escreves palavras que não consegues dedilhar. Também gostavas de cantar como se a terra fosse os pés e a voz o fruto ácido que mastigas inquieto na tua impaciência. Assim, no novo tempo que aí vem, serias um pouco mais.

cinismo

Enfim, cínico, dandy e libertino, o libertário mostra-se, também, romântico, pois sabe que se comprometeu num combate de Titãs no qual tudo irá perder, excepto a honra. O desfecho não oferece a mínima dúvida: nenhum sacrifício individual bastará para inflectir o curso da História de modo definitivo e duradouro. Nada pode inverter a natureza trágica do real e a permanência das lutas violentas pelo poder. Pelo menos, com a elegância a ajudar, o libertário pode dar o seu último suspiro com a satisfação de uma tarefa cumprida até ao fim, apesar de todas as dificuldades. A ler estes elogios aqui, antologia do esquecimento: ELOGIO DO CINISMO (11)

25/12/2009

outra coisa qualquer

Nestas duas últimas atarefadas semanas, salvou-se a noite de quarta-feira. Na livraria Trama, além de ter tido o prazer de conhecer, finalmente, o Henrique, a Ana e a Maria João, conheci também um espaço muito simpático onde acontecem coisas também simpáticas como por exemplo, ler um poema ou outra coisa qualquer. No meio disto tudo também existiu a música, na desordem sonora dos Ventilan a palavra com o Nuno Moura ordena e o contraste conseguia, por vezes, libertar os sentidos. Mais libertos ficaram ainda quando o Henrique encontrou a escala certa para desenhar aquela voz quente que se apoderou do microfone no final da noite. Até o vento parou.

24/12/2009

boas festas

Respiro, como um sopro de Primavera, como um bafo baço de Outono desfolhado. Construo-me nas estações, todas e qualquer uma, apanho brisas imaginadas e saio mundo fora, e vejo girassóis, rochas, rios, espaço, muito espaço, todo um espaço onde as coisas se fazem e se perdem, e, também, o tempo, não o dos ponteiros mas aquele que é meu, aquele que aprendo nas cores do céu, aquele que desagua na minha pele e salta dos olhos. No Inverno sou um pai todo poderoso, incendeio chamas cor de ferrugem para aquecer, aparto milagres em lençóis de linho e faço a cama. No Verão sou uma mãe cheia de razão, sou a água fresca onde mergulhas sem medo e a areia fina onde deixas a tua marca. Em todas as estações, todas, sou o mar, de onde parto, de onde chego, onde me fico. Profundo em mim, numa espera sem chegada. Só, quero estar só, quero ser só, verdadeiramente só. Sozinho, mergulhado neste mar onde vagueio ao sabor do vento. Só assim chego a ti.

21/12/2009

anda tudo maluco

Um gajo põe um sério procura-se teclista/acordeonista e ninguém responde, agora a uma brincadeira a este post http://31daarmada.blogs.sapo.pt/3541056.html, aparecem-me 3 candidatas. A minha namorada é que não achou muita piada.

18/12/2009

futuro

Nasci alguns meses depois da última vez que Portugal tremeu assim tanto. Não deve vir aí coisa boa.

16/12/2009

procuro

Atleta sexual de alta competição, sensível, beleza algures entre Michelle Pfeiffer e Angelina Jolie, romântica qb, original, bem-humorada, inteligente e rica, para dar amor e aquecer a merda dos pés. Respostas a este blog.

amor

O amor não se pede, dá-se.

geada

Não sei o frio que faz lá fora, nem a geada que queima a erva. Madrugada que sinto no verbo, nascer solto em mim, diz-me. Quantas luas tem o espaço que não vejo? Quantas vagas tem o tempo que não tenho? Serás só um pensamento desconexo num verso que solto sem ideias, não mais que a noção da geada arrefecendo o frio que não sofro, ou, talvez, a sensação de um predicado que teimo em não cumprir, ou, talvez ainda, o absurdo da inércia, onde teimo em fazer-me. Nesta desfaçatez insolente que sinto e sou, esqueço o dever e o prazer, limito-me à geada do frio que não sinto, e ao entendimento sentido que não tenho. Preciso de outra vaga e mais outra e outra ainda, que tragam um só esboço, ainda que vago, de um pensamento que atine, e afunde esta ausência que sou.

13/12/2009

mont blanc

No cume, a neve branca da montanha alonga-se, e, na preguiça estática da planície, caiem avalanches de sensações, alheia fica a amálgama de rochas que faz a montanha, varrida é a alma que tarda em reencontrar-se. Já no vale a neve, devagar, transforma-se, despertando os sentidos, atordoados, em água limpa, que, seguindo o seu curso, faz-se rio onde as sensações refrescam deixando-se levar. Naturalmente, todos os campos ficam verdes e coloridos, do leito nascem flores, plantas e animais, a fauna e a flora em fotossíntese constante, numa escala infinita onde o espaço se conquista e o tempo se perde. Neste espaço que é distante, neste tempo em que a vida corre, somos pequenos fragmentos da imensa natureza, que, indiferente, segue o seu rumo e destino também. Resta-nos o pensamento e a memória.

11/12/2009

the story is old, but it goes on

Sonhar, acordar, lutar, esgravatar, furar, focinhar, sonhar. Acordo porque nasce o dia, igual, ligo o botão da máquina e levanto-me, autómato ligado para lutar, esgravatar, furar, focinhar. Agora sonhar? Sonhar é um privilégio, um luxo caro como a vida. Sonhar, soluçar, sufocar, soçobrar, sobrancear, sonhar. Sonhar é um sonho mal visto, sempre, jogar, trabalhar, falar, amar, defecar, isto são verbos activos, que produzem movimento, mesmo que cheire mal. Agora sonhar? Sonhar é um verbo que nada produz, como a vida. Sonhar. Muitos dizem que não há tempo para sonhar. Mentira, sonhar é um verbo e os verbos têm tempo, sempre, não há é paciência e tempo para ele, isso sim. Acção parada, estática, inerte, envergonhada. Sonhar? Sonhar é um aconchego desorganizado, como a vida. Sonhar é um desgaste solitário, o pesadelo de sonhar, sonhar o passado, o presente e o futuro, sempre. Conhecem o verbo pesadelar? Não? Pois até o pesadelo tem que vir acompanhado. Sonhar? Sonhar é um pesadelo substantivo, como a vida. Sonhar. Que verbo pode fazer uma frase tão bonita como: Um dia sonhei o sonho mais lindo que podia sonhar. Conhecem algum, conhecem algo mais íntimo. Sonhar é ter a humildade de pensar que se pode ser feliz. Mas isto digo eu, que sou um lírico e sonhador. Sonhador? Por favor não me ofendas!

09/12/2009

cause if I could be...

Expoestáctico vida perante Interminável tédio constante sempre presente Expotenso dias consoante Indominável espírito distante sempre ausente Almargamente cérebro arder Abominável mundo conhecer nunca contente Almafadada forma de viver Questionável presença esquecer nunca premente Expoesteticamente sendo perante Inimaginável sombra errante sempre transparente Almardilhada alma arder Infindável arte perder nunca consequente

03/12/2009

Vulgareticamente preso bem Moralestupidamente sentido sem sentidos, perdidos Arguciosamente amarrado tem Cristalinamente vivido sem sentidos, contidos Ironicamente distinto também Subjectivamente abstraído sem sentidos, invadidos Absurdamente como alguém Absolutamente perdido sem sentidos, sentidos