31/12/2009

amem, fumem, bebam - saúde

I’m running out of patience to be fucking with this now you better believe me when I say this now I’m packing up my nightmares and I’ll be on my way you better find me some time when you have more to say

Throwing Bones

Lançar-te-às aos ossos, esganiçado. Da carne mais engelhada, curada em mais uma volta ao sol, da inércia marinada numa ansiedade desconhecida, da revolta absurda contra o que já sabias, da raiva inconsequente feita na inconsequência de tudo, da memória atropelada por um pensamento desgovernado, de uma razão que, lentamente, te foi reencontrando, perdeste alguma vontade mas não perdeste a tesão e com tesão a vontade acaba sempre por não partir. Atirem mais ossos, no novo tempo que aí vem, atirem mais ossos, serão ruídos até ao tutano na certeza de que a fome vai continuar.

28/12/2009

azul

Dá-me um sonho azul, se puderes azul mar revolto em fúria na pele gretada salgando o anseio mais o desassossego e leva-me contigo maré baixa, troca-me as voltas nas correntes frias da tua profundidade e, devagar, retorna-me à superfície. Na onda venho com a maré alta e o sonho azul no pensamento.

portugalzinho

Quando fechei a minha empresa há cerca de 9 anos fiquei desempregado, na altura o centro de emprego, através de um programa chamado POC, colocou-me 1 ano na segurança social em Almada. No departamento de acção social onde trabalhei, lidei com situações que desconhecia, a estranheza não foi tanto a falta de condições, espaço pequeno para tanta gente, mas os métodos e processos de trabalho. Entre as várias tarefas que tinha, uma consistia em escrever no computador ofícios e relatórios vários (menores em risco por exemplo) que vinham manuscritos das assistentes sociais, entregavam-me o documento e passado 10/15 minutos para os ofícios e 30/40 minutos para os relatórios eu levava tudo pronto para ser assinado. Todos olhavam para mim de lado sem eu perceber porquê, passado umas semanas uma assistente lá me explicou que aqueles documentos costumavam estar dias, por vezes semanas, para serem despachados. Tudo me chocou, vinha da minha empresa onde chegava a trazer trabalhos gráficos complicados à tarde para entregar provas no dia a seguir de manhã, mas mais do que isso era o laxismo com situações como menores em risco, idosos doentes e outras parecidas, todas a necessitar de decisões urgentes e práticas. Apesar do ordenado de sessenta e tal contos, dos olhares e de me chatearem porque queriam que entrasse às 9 e eu entrava às 9.30 (podia entrar entre as 9 e as 10), aguentei esse ano e fiz as tarefas como as sei fazer. Portanto, quando leio textos sobre organismos públicos e a disfuncionalidade, a perversão, a falta de transparência, as fiscalizações deficientes, sei bem do que se fala, se até com pessoas frágeis e totalmente dependentes não querem saber imagine-se o resto.

27/12/2009

mais uma da menina descalça

like a puppet on a string

Como um boneco nas cordas do contentamento, escreves palavras que não consegues dedilhar. Também gostavas de cantar como se a terra fosse os pés e a voz o fruto ácido que mastigas inquieto na tua impaciência. Assim, no novo tempo que aí vem, serias um pouco mais.

cinismo

Enfim, cínico, dandy e libertino, o libertário mostra-se, também, romântico, pois sabe que se comprometeu num combate de Titãs no qual tudo irá perder, excepto a honra. O desfecho não oferece a mínima dúvida: nenhum sacrifício individual bastará para inflectir o curso da História de modo definitivo e duradouro. Nada pode inverter a natureza trágica do real e a permanência das lutas violentas pelo poder. Pelo menos, com a elegância a ajudar, o libertário pode dar o seu último suspiro com a satisfação de uma tarefa cumprida até ao fim, apesar de todas as dificuldades. A ler estes elogios aqui, antologia do esquecimento: ELOGIO DO CINISMO (11)

25/12/2009

outra coisa qualquer

Nestas duas últimas atarefadas semanas, salvou-se a noite de quarta-feira. Na livraria Trama, além de ter tido o prazer de conhecer, finalmente, o Henrique, a Ana e a Maria João, conheci também um espaço muito simpático onde acontecem coisas também simpáticas como por exemplo, ler um poema ou outra coisa qualquer. No meio disto tudo também existiu a música, na desordem sonora dos Ventilan a palavra com o Nuno Moura ordena e o contraste conseguia, por vezes, libertar os sentidos. Mais libertos ficaram ainda quando o Henrique encontrou a escala certa para desenhar aquela voz quente que se apoderou do microfone no final da noite. Até o vento parou.

24/12/2009

boas festas

Respiro, como um sopro de Primavera, como um bafo baço de Outono desfolhado. Construo-me nas estações, todas e qualquer uma, apanho brisas imaginadas e saio mundo fora, e vejo girassóis, rochas, rios, espaço, muito espaço, todo um espaço onde as coisas se fazem e se perdem, e, também, o tempo, não o dos ponteiros mas aquele que é meu, aquele que aprendo nas cores do céu, aquele que desagua na minha pele e salta dos olhos. No Inverno sou um pai todo poderoso, incendeio chamas cor de ferrugem para aquecer, aparto milagres em lençóis de linho e faço a cama. No Verão sou uma mãe cheia de razão, sou a água fresca onde mergulhas sem medo e a areia fina onde deixas a tua marca. Em todas as estações, todas, sou o mar, de onde parto, de onde chego, onde me fico. Profundo em mim, numa espera sem chegada. Só, quero estar só, quero ser só, verdadeiramente só. Sozinho, mergulhado neste mar onde vagueio ao sabor do vento. Só assim chego a ti.

21/12/2009

anda tudo maluco

Um gajo põe um sério procura-se teclista/acordeonista e ninguém responde, agora a uma brincadeira a este post http://31daarmada.blogs.sapo.pt/3541056.html, aparecem-me 3 candidatas. A minha namorada é que não achou muita piada.

18/12/2009

futuro

Nasci alguns meses depois da última vez que Portugal tremeu assim tanto. Não deve vir aí coisa boa.

16/12/2009

procuro

Atleta sexual de alta competição, sensível, beleza algures entre Michelle Pfeiffer e Angelina Jolie, romântica qb, original, bem-humorada, inteligente e rica, para dar amor e aquecer a merda dos pés. Respostas a este blog.

amor

O amor não se pede, dá-se.

geada

Não sei o frio que faz lá fora, nem a geada que queima a erva. Madrugada que sinto no verbo, nascer solto em mim, diz-me. Quantas luas tem o espaço que não vejo? Quantas vagas tem o tempo que não tenho? Serás só um pensamento desconexo num verso que solto sem ideias, não mais que a noção da geada arrefecendo o frio que não sofro, ou, talvez, a sensação de um predicado que teimo em não cumprir, ou, talvez ainda, o absurdo da inércia, onde teimo em fazer-me. Nesta desfaçatez insolente que sinto e sou, esqueço o dever e o prazer, limito-me à geada do frio que não sinto, e ao entendimento sentido que não tenho. Preciso de outra vaga e mais outra e outra ainda, que tragam um só esboço, ainda que vago, de um pensamento que atine, e afunde esta ausência que sou.

13/12/2009

mont blanc

No cume, a neve branca da montanha alonga-se, e, na preguiça estática da planície, caiem avalanches de sensações, alheia fica a amálgama de rochas que faz a montanha, varrida é a alma que tarda em reencontrar-se. Já no vale a neve, devagar, transforma-se, despertando os sentidos, atordoados, em água limpa, que, seguindo o seu curso, faz-se rio onde as sensações refrescam deixando-se levar. Naturalmente, todos os campos ficam verdes e coloridos, do leito nascem flores, plantas e animais, a fauna e a flora em fotossíntese constante, numa escala infinita onde o espaço se conquista e o tempo se perde. Neste espaço que é distante, neste tempo em que a vida corre, somos pequenos fragmentos da imensa natureza, que, indiferente, segue o seu rumo e destino também. Resta-nos o pensamento e a memória.

11/12/2009

the story is old, but it goes on

Sonhar, acordar, lutar, esgravatar, furar, focinhar, sonhar. Acordo porque nasce o dia, igual, ligo o botão da máquina e levanto-me, autómato ligado para lutar, esgravatar, furar, focinhar. Agora sonhar? Sonhar é um privilégio, um luxo caro como a vida. Sonhar, soluçar, sufocar, soçobrar, sobrancear, sonhar. Sonhar é um sonho mal visto, sempre, jogar, trabalhar, falar, amar, defecar, isto são verbos activos, que produzem movimento, mesmo que cheire mal. Agora sonhar? Sonhar é um verbo que nada produz, como a vida. Sonhar. Muitos dizem que não há tempo para sonhar. Mentira, sonhar é um verbo e os verbos têm tempo, sempre, não há é paciência e tempo para ele, isso sim. Acção parada, estática, inerte, envergonhada. Sonhar? Sonhar é um aconchego desorganizado, como a vida. Sonhar é um desgaste solitário, o pesadelo de sonhar, sonhar o passado, o presente e o futuro, sempre. Conhecem o verbo pesadelar? Não? Pois até o pesadelo tem que vir acompanhado. Sonhar? Sonhar é um pesadelo substantivo, como a vida. Sonhar. Que verbo pode fazer uma frase tão bonita como: Um dia sonhei o sonho mais lindo que podia sonhar. Conhecem algum, conhecem algo mais íntimo. Sonhar é ter a humildade de pensar que se pode ser feliz. Mas isto digo eu, que sou um lírico e sonhador. Sonhador? Por favor não me ofendas!

09/12/2009

cause if I could be...

Expoestáctico vida perante Interminável tédio constante sempre presente Expotenso dias consoante Indominável espírito distante sempre ausente Almargamente cérebro arder Abominável mundo conhecer nunca contente Almafadada forma de viver Questionável presença esquecer nunca premente Expoesteticamente sendo perante Inimaginável sombra errante sempre transparente Almardilhada alma arder Infindável arte perder nunca consequente

03/12/2009

Vulgareticamente preso bem Moralestupidamente sentido sem sentidos, perdidos Arguciosamente amarrado tem Cristalinamente vivido sem sentidos, contidos Ironicamente distinto também Subjectivamente abstraído sem sentidos, invadidos Absurdamente como alguém Absolutamente perdido sem sentidos, sentidos

27/11/2009

Depois acordar e lamber-me no teu sangue, penetrar todas as tuas cavidades caminhando ao teu pulsar e saciar-me de ti, só então, completo, desembaraçar-me de todos os músculos e tendões e arrancar-te ao torpor que sou.

26/11/2009

Gostava de nadar por ti dentro, abrir-te ao meio e chegar-te ao coração, aconchegar-me na cavidade mais sensível e adormecer sonhando baixinho.

25/11/2009

novas oportunidades

À pala do canudo, neste último ano, ando a ver Angola, Moçambique e os EUA por um canudo e a perder oportunidades. É como dizia à minha namorada faz umas semanas, andas chateada olha fode, vem-te e ri-te. Descobri aqui antologia do esquecimento: QUANDO FOR GRANDE que o Cesariny é da mesma opinião.

coisas que me fazem muita impressão

A minha mãe foi ontem ao centro de emprego a uma reunião para a qual tinha sido convocada a semana passada, apesar de estranhar a convocação, pois não tem qualquer subsídio há anos, lá foi saber do que se tratava. Tentaram fazer-lhe uma lavagem ao cérebro com as novas oportunidades, por uma empresa privada segundo lhe pareceu e por uma menina assim meio inexperiente (para ser simpático e não usar a palavra que foi dita que foi tótó). Perguntaram às pessoas se não queriam valorizar-se, um homem de 63 anos disse que não percebia a pergunta, valorizar o quê perguntava o homem espantado enquanto tirava a carteira profissional para mostrar à menina enquando dizia que queria era trabalhar, fazer o que sabia fazer e para o qual estava habilitado por longos anos de experiência. A minha mãe vendo no que estava metida pediu licença para sair, perguntaram-lhe directamente, então mas a Sra. não quer ficar, não quer trabalhar, não quer valorizar-se, calmamente respondeu, sabe minha menina, já trabalho 24 horas por dia, tenho a minha mãe com 95 anos em casa ao meu cuidado, com Alzheimer desde os 80, se quiser mandar alguém lá a casa para ver o que trabalho e o valor que tem podem depois fazer o favor de me mandar o diploma e agora, se me dá licença, tenho de sair que a minha mãe está sozinha em casa e pode fazer alguma asneira ou acontecer alguma coisa. Resta dizer que a D. Olga, senhora minha mãe, tem 64 anos, a quarta classe e uma larga experiência a tomar conta da casa, dos filhos, dos sobrinhos, dos netos, dos amigos destes todos, do sogro e, também, da mãe. É verdade também não cozinha nada mal e tem o que vulgarmente se chama um sexto sentido lixado. Entretanto, hoje acabei de fazer o meu 10.º ou 11.º telefonema para o ministério da educação a uma média de um por mês no último ano, para saber quando me mandam o meu certificado de habilitações lá enfiado nas trapalhadas da independente. É que pelo menos eu fui às aulas (algumas) e fiz a merda dos exames sem cunhas, sei que aquilo não era grande coisa mas se fiz e até com uma boa média, o canudo dá-me jeito, nem que seja para me pirar daqui, mas dá-me jeito, nem que, mais tarde, sirva só para me limpar o cu, dar-me-á jeito de qualquer forma. Agradecido.

23/11/2009

futebol

O Benfica perde um jogo e as razões são todas menos o facto de terem falhado mais uma série de golos, se é verdade que, ao contrário da Naval, o Guimarães ainda deu um ar de sua graça em 3 ou 4 jogadas na primeira parte, também não deixa de ser verdade que o Benfica dominou e jogou que se fartou, também falhou que se fartou é verdade, mas o futebol e a vontade de ganhar estão lá, o normal para quem joga assim é marcar mais golos que os adversários só que nem sempre o que é normal é o que acontece num jogo de futebol. Ainda bem.

20/11/2009

concerto

Tenda no largo do mercado - Pinhal Novo - 22 h.

18/11/2009

para M.

Ontem chegaste a mim triste e desorientada, não percebias porque é que uma pessoa se enforca aos trinta anos. Eu consolei-te, não com respostas mas como posso, sei e consigo e, por ironia, o post anterior não é uma resposta, mas é um cenário que conheces bem demais e sabes o desespero que te provoca, agora põe-te no lugar deles.

17/11/2009

portugalzinho

A primeira notícia que ouvi hoje, foi que a associação dos panificadores estava muito chateada com o governo porque, segundo eles, não têm mão-de-obra devido ao rendimento de inserção. Esta notícia deixou-me logo bem disposto pela manhã, só espero que aconteça o mesmo noutros sectores da economia para o meu riso ser mais completo e satisfeito. A questão nem é ser um sector que conheço muito bem, porque nos outros acontece o mesmo, pagam em média 500 € de ordenado, as pessoas fazem mais horas sem receber ou a receber uma palmada nas costas e promessas de nada ou, até, ameaças de despedimento, são obrigadas a aturar um patronato e chefias rudes, intratáveis, analfabetas e incompetentes que se passeiam em 3 Mercedes e mais um jipe BMW, mais a gala nas quintas com piscina e nos garanhões puros lusitanos, e ficam chateados de não ter mão-de-obra. Coitados.

16/11/2009

bemmequer

esclarecimento

Relativamente a Manuel Zacarias Segura Viola e José Tobias Taramouco, sei que existiram duas pessoas com estes nomes, quem me dera capacidade para inventar nomes destes, o resto da história não é real. Em relação a Rosa e n, qualquer semelhança com muitas realidade é pura coincidência, não só não sou o n como nunca conheci nenhuma Rosa, gosto mais de malmequeres.

14/11/2009

reflexo V

- Sabes que te tenho onde quero não sabes? - diz Rosa do quarto. n, na sala, fingiu que não ouvia mas Rosa continuou: - Sabes que te tenho onde quero? n manteve-se impávido e Rosa insistiu: - Ouves-me, sei que me ouves. Mas de n nada, nem um pio, inundada por um silêncio que pesava nas entranhas, Rosa, enquanto se dirigia para a sala, dizia cada vez mais alto. - Sei que me ouves, tu ouves sempre e muito bem nesses ouvidos de tísico. Chegada à sala Rosa viu-se sozinha. n não estava onde ela queria. reflexo IV Reflexo III Reflexo II Reflexo I

12/11/2009

idade

- A idade é uma merda. A frase de Manuel Zacarias Segura Viola, homem observador e prático, apanha o seu amigo José Tobias Taramouco mais distraído que desprevenido. Como se ninguém o tivesse ouvido, Zacarias procura o olhar do amigo e volta a repetir acrescentando um adjectivo como que procurando uma maior atenção. - A idade é uma grande merda. Tobias, rapaz mais dado a literaturas e filosofias, já refeito obriga-se a responder em forma de pergunta. - Porque é que dizes isso? - Porque o tempo gasta-nos, cansa-nos, dá-nos cabo dos ossos... José Taramouco replica sem deixar o amigo acabar. - Torna-nos mais sabedores, mais preparados, mais... - Porra. Lá vens tu com as tuas filosofias - diz, abruptamente, Manuel Zacarias - não sentes no corpo, nos músculos, nessa cabeça cada vez mais distraída? Tobias, vendo o desnorte do amigo não desarma. - Que se passa contigo, preferias ser o puto parvo de vinte anos a vida toda? Não leste mais livros, não viste mais mundo, não te sentes melhor pessoa, não amaste mais? - Outra vez - interrompe Segura Viola já irritado - falo do corpo, da carne e tu falas-me de livros e de amor, deixa-me dizer-te uma coisa sobre o amor. Da adolescência aos vinte e cinco dás três, quatro, às vezes cinco, dos vinte cinco aos trinta andas pelas três às vezes duas, dos trinta aos trinta e cinco passas para duas às vezes três, dos trinta e cinco aos quarenta passas para uma e raramente duas, a partir dos quarenta passas para uma e, na melhor das hipóteses, no dia a seguir mais uma. Tobias, mais taramouco do que o Taramouco do próprio nome, abre os olhos para o amigo tentando responder mas Zacarias antecipa-se: - E não me venhas com a história da qualidade. José, ainda Taramouco de nome e de estado, após uma pausa diz cabisbaixo: - A idade é uma merda.

10/11/2009

continuamos na paróquia

Se, por regra, os amigos se viessem, as amizades não duravam muito. Obrigatório, texto integral aqui http://a-leiseca.blogspot.com/2009/11/amizade-e-fodida.html

09/11/2009

pequenez

Depois de uma série de goleadas parvas e outras falhadas de forma parva, de uma derrota mais devido à pouca sorte do jogo e do sistema que da equipa, a goleada falhada hoje de parva não teve nada e a vitória por 1 golo deixou-me mais contente que se ganhasse pelos cinco ou seis que merecia. Uma vitória de campeões cheios de raça e vontade de jogar à bola, arrancada a ferros a uma equipa que, sem eu perceber porquê, recebeu elogios de todos os comentadores, claro que não espero que as equipas que vão à Luz abram uma passadeira vermelha para os jogadores do Benfica passar, mas espero que façam mais do que mandar biqueiradas em forma de balão para a frente, acho que nem aqui no Cova da Piedade se usa hoje em dia. Por incrível que pareça, depois de uma série de tiros ao boneco (grande boneco aquele guardião da naval) e outros à barra, às traves e sei lá que mais, o importante foi a única oportunidade da Naval aos 92 minutos de jogo, outra vez, aos 92 minutos. Até no futebol temos o País que merecemos.

evolução

Mas antes o autor conta-nos o terramoto, depois de ter entrado no livro apresentando a entrada de um barco no rio Tejo em Lisboa (Cap. 1, “Quem nunca viu Lisboa não viu coisa boa”), e de ter apresentado o rei que reinou em Lisboa na primeira metade do século XVIII, D. João V, para uns o Magnânimo e para outros o Freirático (Cap. 2, “Na corte do rei D. João”). A impressão que Paice transmite sobre o século XVIII português é a mesma que os viajantes ou residentes estrangeiros deixaram, até porque o autor se baseou em larga medida nas fontes britânicas (e irlandesas), nomeadamente as dos comerciantes dessa nacionalidade que aqui se encontravam na época, dada a existência de alguma protecção ao seu comércio em troca da protecção oferecida nos mares pela Royal Navy. Portugal era, para os estrangeiros que nos demandavam e que aqui se estabeleciam, um sítio algo distante e exótico. Apesar da riqueza que D. João V tão exuberantemente ostentava (em grande parte proveniente do Brasil) era, sob vários pontos de vista incluindo o cultural, um país atrasado relativamente aos países da Europa Central e do Norte. Segundo viajante Arthur Costigan, citado por Pairce, era como se “Igreja e estado concordassem ambos em manter a nação naquele estado de escravatura, ignorância e pobreza do qual dependia a sua própria conservação e segurança.” Aqui http://dererummundi.blogspot.com/2009/11/ira-de-deus.html E assim continuamos.

08/11/2009

rir

Ontem no minuto de silêncio no jogo dos meus putos alguns começaram a rir, de cabeça para baixo envergonhados mas a rir, o que é normal em crianças entre os 8 e 11 anos. Alguns adultos estavam chocados mas eu preferi rir com eles, porque não, se muitas vezes são palmas porque não risos, para mais assim simples e espontâneos.

06/11/2009

Humberto Borges

Sou um tipo que gosta de rir da vida e com a vida e, principalmente, rir de mim próprio, dos falhanços, das pequenas vitórias, de alegria e, também, das tristezas. Esta semana foi particularmente difícil e se me ri algum dia, hora ou minuto, não consigo ou quero lembrar agora. Entre o impacto da morte do António Sérgio no principio da semana, a morte do Humberto na quarta e o funeral hoje, o espaço e disposição para a ironia foi pouco. O Humberto foi meu treinador de andebol e um amigo, daqueles que não é preciso estar sempre a aparecer mas que sabemos que estão lá. Nestes últimos anos, voltámos a aproximar-nos, regressei ao meu clube, agora eu como treinador, e ele lá estava, como sempre, quarenta anos dedicados ao desporto, ao andebol, às crianças, tudo sem ganhar um tostão. Há trinta anos, organizou o primeiro torneio internacional de andebol para jovens da Europa e nunca mais parou, até agora. Ainda conseguiu acabar o sonho dele, um livro sobre a história do andebol no Concelho de Almada, um levantamento que lhe levou dez exaustivos anos. Aqui http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=181818 falam em doença prolongada, felizmente não foi tão prolongada quanto isso, ainda há três semanas lá estava no pavilhão a ver um jogo, com algumas dores mas ainda com esperança, com a mesma esperança que nos faz continuar. Amanhã lá estarei com os meus meninos para mais um jogo, sabendo que, perdendo ou ganhando, vou rir outra vez.

brilhos

Fotografias: Mafalda Paiva

05/11/2009

match point

Match Point começa com uma metáfora, uma bola de ténis balouça na rede indecisa no lado para o qual irá pender, ao mesmo tempo uma voz-off centra toda a temática da narrativa no acaso da sorte e do azar e na direcção que essa casualidade aleatória nos proporciona nos diferentes caminhos e descaminhos da vida. Com um tratamento invulgar de uma história banal, Woody Allen consegue suscitar o interesse bem como um pensamento mais profundo sobre alguns comportamentos, atitudes e acções que fazem a nossa existência. Neste filme, o realizador utiliza uma linguagem filosófica, derivada de acções e comportamentos com motivações profundas, que têm origem em filósofos como Nietzsche, onde a vontade de poder não é tão só uma aspiração, mas uma necessidade intrínseca ao ser Humano. Woody Allen consegue traduzir este pensamento de forma exemplar através da frieza calculista e da altivez meio indiferente do personagem principal, o instrutor de ténis Chris, bem como da ironia com que determinadas esferas da sociedade, neste caso Londrina, são apresentadas. Ao contrário dos habituais fundos de Jazz usados na grande maioria dos seus filmes, em Match Point o enredo surge-nos com peças trágicas de Ópera, como que entreabrindo a porta a um desfecho adverso a conceitos considerados consensuais. A predominância dos tons amarelo forte, vermelho e preto, especialmente nas cenas entre Nola e Chris, realça a emotividade, a paixão mas, também, a possibilidade de tragédia nesta relação, em grande contraste com as cores claras e frias do apartamento de Chris e da mulher Chloe. Ao nível dos planos o mesmo acontece, enquanto com Nola e Chris assistimos a uma insistência em planos relativamente fechados, realçando as reacções, a intensidade e a intimidade de ambos, nas cenas com Chloe, essencialmente, temos planos gerais reveladores da distância e da indiferença calculista desta relação. Através de um argumento (logos) sólido, baseado em clássicos, a que não são alheias as claras referências a Dostoievski ou, também, de forma menos perceptível a Nietzsche, neste filme, Chris define o ethos de toda a trama ao cotar-se como um destruidor de noções e definições praticamente unânimes e universais como a paixão e o amor. Assim, toda a acção suscita uma emotividade (pathos) que advém dessa vontade de poder como uma lei originária que surge da própria realidade das coisas e das pessoas. É Nietzsche quem diz que “a vontade de poder não é nem um ser, nem um devir, é um pathos”. Nesta trama dramática, Woody Allen foge ao personagem-tipo dos seus filmes, como por exemplo, o criador neurótico, a intelectual atormentada ou o génio desastrado, talvez por, pela primeira vez, ter filmado fora de New York, cidade querida do realizador. A concepção das personagens pretende reflectir a alta sociedade Londrina, de que é exemplo toda a família de Chloe, especialmente o seu irmão Tom, mesmo Nola e Chris revelam um carácter mais real ou, talvez, mundano, do que os arquétipos habituais usados em filmes anteriores do cineasta. Não deixamos, contudo, de ter personagens complexos e interessantes, com várias situações de carácter duvidoso e ambíguo, onde as motivações e acções não são claras, como exemplo temos o caso de Chloe que parece compor um personagem sincero que ama/gosta??, pretendendo apenas estar ao lado e ajudar Chris, porém não deixa de, subtilmente, o direccionar ao mesmo tempo que controla o desempenho e ambições do marido. Tom é um hipócrita, ainda que disfarçado mas um hipócrita, apesar de aceitar e até apreciar Chris, não deixa de o qualificar como “irlandês”, numa alusão às diferentes origens de ambos, como que dizendo, até me divertes mas sei de onde vens. Esta dualidade aplica-se de forma mais intensa ao protagonista, quando no início Chris nos aparece como uma pessoa interessada em cultura, orgulhosa, com carácter e boas intenções, com o decorrer do filme vamos percebendo a fragilidade e incoerência do seu comportamento na tentativa de impressionar o futuro sogro e família. Nola personifica uma das personagens mais clássicas do cinema, surgindo como uma mulher fatal, embora na segunda parte do filme, quando regressa a Londres, sofra uma inversão, aparecendo-nos frágil, ingénua, romântica e, ao mesmo tempo, sincera como nenhum outro personagem neste filme. Na segunda parte do enredo, Woody Allen consegue surpreender-nos, não só com a continuação de uma construção sólida dos diálogos e da história, como com uma mudança repentina, onde começa a mostrar o lado mais profundo, obscuro e tenebroso daquelas personalidades. Subtilmente, já o realizador nos tinha preparado para esta situação, com a referência visual a Crime e Castigo de Dostoievski, com uma frase ocasional dita por Nola sobre episódios ocorridos no seu prédio, o combinar do plano inicial da bola de ténis, qual vida ou sorte para cá e para lá, com o plano da bola de ping-pong quando Chris e Nola se conhecem, e, principalmente, a genial interligação entre a câmara lenta do plano inicial com a câmara lenta de Chris a atirar a aliança ao Tamisa que, suspensa como a bola, acaba por cair para o lado em que o jogador perde o ponto, deixando o espectador na expectativa perante a sorte, neste caso azar, que daí advirá. Nesta história de ambição, amor, desejo, paixão, traição, crime, culpa, enganos, desenganos, azar e, sobretudo, sorte, a surpresa chega-nos na forma como Chris escapa ao azar e à justiça. Segundo o próprio Woody Allen, a situação que se passa neste filme acontece muitas vezes no nosso quotidiano. “Penso que há uma enorme quantidade de injustiças e de crimes manifestos que se cometem diariamente em todos os extractos da sociedade, que ninguém castiga, e, com frequência, ainda são recompensados generosamente por tal acto”. Alguém tem dúvidas?

02/11/2009

tempo

Hoje a seguir ao almoço enquanto ia para o estúdio no carro, ainda com o pensamento no António Sérgio, ouvia a radar e aproximadamente na hora em que se realizava o funeral, a voz, aquela voz que o meu filho diz, carinhosamente, que faz sono, ouvia-se como se estivesse entre nós. E talvez por causa do vento que, devagar, empurrava as nuvens num céu azul brilhante, talvez porque o sabor do som me soubesse bem entrecortado, a espaços, pela aquela voz grave e profunda, talvez porque o paradoxo daquela ausência presente me confundisse, talvez porque aquele tudo me parecesse tão estranho, parei o carro à porta do estúdio e ali fiquei a olhar as nuvens, a ouvir o som, deixando que o tempo me enganasse. Só mais um bocado por favor.

tudo

Aqui estou, consumindo o cérebro Porque ele pensa, estranhamente ele pensa, porque ele mente, lucidamente ele mente. E enquanto vagueia o pensamento a vida corre lá fora, como um rio ou um comboio numa linha interminável. Mas que importa, sim que importa, se de uma forma ou doutra ela corre sempre no mesmo sentido. Sabem do que estou a falar Da morte. E aí é o fim, tudo desaparece. Tudo?

António Sérgio

Quando John Peel morreu, lembro-me de ter comentado que ainda tínhamos o nosso António Sérgio, tristemente já não temos. Mais do que muitos críticos que leio desde puto, foi com o António Sérgio, no programa Som da Frente e outros que se seguiram, que arrepiei caminho na música. Numa altura em que os meios eram poucos, o Som da Frente foi uma ilha diferente e fascinante, com o António aprendi a conhecer, a ouvir e a gostar de boa música. É uma dívida que só posso pagar continuando a amar a música como ele amava.

31/10/2009

Right, wrong, what to do. Someday it will come to you. Hostile indians, We named a summercamp for you. I've got nothin' to say I've got nothin' to say I've got nothin' to say I've got nothin' to say I've got nothin' to say I've got nothin' to say I'm in utter dismay I've got nothin' to say Harmless children We named our soldiers after you. Don't be a coconut. God is trying to talk to you. We could drag it out, But that's for other bands to do. I've got nothin' to say I've got nothin' to say I've got nothin' to say I've got nothin' to say I've got nothin' to give Got no reason to live But I will fight to survive I've got nothin' to hide Wish I wasn't so shy I'd like to watch I'd like to read I'd like a part I'd like the lead But I've got nothin' to say I've got nothin' to say I've got nothin' to say I've got nothin' to say I've got nothin' to give Got no reason to live Oh I'll kill to survive I've got nothin' to hide Wish I wasn't so shy.

solo

Então, o futuro é onde me fixo, onde sempre me fixei, é o espaço onde me fico e transformo, é onde derivo contra o vento e contra o mar, e, na frescura da espuma, lavo as memórias, e, na espuma da brisa, levo os pensamentos, é onde me ergo arregaçando as mangas, e, na estrada que é caminho, sigo e, no caminho que é espaço, escrevo, é onde a sombra se dobra e esconde, e, na paz do silêncio, digo, e, no silêncio da luta, faço, é onde a beleza se abre, e, no espaço que é tempo, sou, e, no tempo que é tudo, desisto. Neste futuro nada proclamo e muito calo, uma vida toda, talvez mesmo a vida toda, passado, presente e futuro, ser só palavra não é enredo, ser só abstracção não é nada, ser só sonho não é arte, ser só ilusão não é vida, ser só folha não é livro, ser só é ser sozinho. E, nesta certeza, asseguro que o futuro, além de, na realidade, não existir, cada vez está mais próximo do fim. Assim sou eu nestes dias, asfixio neste tempo que desfaço.

30/10/2009

little boy

Little Boy Blue Come blow your horn The dish ran away with the spoon Home again home again Saturday morn Never gets up before noon She used to render You legal and tender When you used to Send her your promises boy A dill or a dollar Unbutton your collar Come out and holler Out all of your noise Little boy blue Come blow your top Cut it rite down to the quick Don't sit home and cry On the fourth of july Around now you're hittin' bricks Little boy blow Lost little bo peep She fell thru a hole in the nest Now ain't it peculiar That she's finally cooled your Big wheels just like all of the rest Whenever it rains The umbrella complain They're always gettin' played for a chump So mark and strike it She's history now And you're hangin' out at the pump Little Boy Blue Come blow your horn The dish ran away with the spoon Home again home again Saturday morn Never gets up before noon She used to render You legal and tender When you used to Send her your promises boy A dill or a dollar Unbutton your collar Come out and holler Out all of your noise

será que foi a gorjeta

10.000 € dez mil euros DEZ MIL EUROS outra vez 10.000 € dez mil euros DEZ MIL EUROS

talvez café e mais cigarrinhos

vai um whisky e um cigarrinho

Larga lá o vício e vem cantar que eu já acabei o solo.

medo

Criança morre com gripe A, surto de gripe A na escola não sei quantos provoca medo nos encarregados de educação, a vacina da gripe A não é segura, pessoas cada vez mais novas sofrem AVC's que matam e estropiam que se farta, os consumidores e as empresas apresentam índices de grande desconfiança e medo em relação ao futuro, na França os trabalhadores da FT matam-se porque desistiram de lutar e em Portugal continuamos tão contentes na nossa tristeza miserável que é preciso é que o Benfica continue a golear, aliás, várias pessoas de um clube adversário já vieram dizer que não têm medo do Benfica. Depois é o resto, fumar mata, prejudica a saúde, provoca doenças cardiovasculares, dá cabo do esperma e da tesão, os fritos idem, idem e até o ar, sim respirar, faz mal, provoca alergias e infecções respiratórias, ui que medo. Portanto cuidem-se e sobretudo tenham medo, muito medo, ou experimentem ir dançar para o Afeganistão ao som de uma música com pintelho na letra.

29/10/2009

Em inícios de 80 o pintelho levou com um grande PI na rádio.

um poeta também fode

Um poeta também fode, amar ama sempre. Num corpo carne ou folha de papel faz-se o amor que sente e no meio de muitos o poeta é diferente entre todos iguais porque o acto é foder amar é muito mais. A partir daqui http://wind9.blogspot.com/2008/05/um-poeta-no-fode-ama.html

28/10/2009

rosas em mar de espinhos

Só admito estar ao pé de ti sempre e só junto a ti se te puder beijar os lábios, acariciar o palato com a língua e conhecer todas as palavras na troca da saliva que fazemos. Transformar o teu corpo num abraço de querer, como só eu soube e sei fazer. E respirar. O cheiro que sentia a fome, feito na pele, da pele que cheirava, e, também, o sexo claro, porque teu. E, finalmente, saciar-me na recompensa da tua capacidade de acolhimento, piscares-me um olho cúmplice, sorrires e receber o meu amor. Todo. Porque esta é única existência que conheço e sei. Porque a vida não é um mar de rosas, ainda bem porque os espinhos aleijam.

27/10/2009

espaço para uma fêmea

Pequena tipologia sexual feminina Há a frígida, que não se interessa, ou gosta pouco, ou acumulou más experiências. Há a burguesa, que tem uma libido mediana e que deseja intimidade, compromisso e maternidade. Há a sedutora, que vive em função do feedback gerado pelo seu aspecto físico. Há a espevitada, que por divertimento, instabilidade ou provocação anuncia a todos a sua promiscuidade fantasiosa ou verdadeira. Pedro Mexia no blog Lei Seca Caro Dr. Mexia sou uma mulher simples, tenho a minha dose de más experiências, desejo muito ser mãe e intimidade também, faço, cuidadosamente, a depilação e tento apresentar-me bem gostando que reparem em mim, mas não há nada que me dê mais satisfação do que provar-lhe o corpo todo, ficando, no fim, com o sabor do seu interior dentro de mim. Diga-me serei uma frígida, uma burguesa, uma sedutora ou uma espevitada? Atenciosamente, M.

cretinos

Depois de anos e anos com iluminados treinadores que jogavam com dois e até três trincos, com médios a pontas-de-lança, com defesas centrais a laterais, com tácticas de 4x1x3x2 ou 4x2x3x1 ou 5x1x3x1 e sei lá que mais, Jorge Jesus revelou-se um cretino, aliás um verdadeiro cretino, ao não desviar um central para defesa esquerdo, como seria feito por 99,9% dos treinadores, e por lá o Coentrão. Então ó meu grande cretino vais por um molho verde de coentros, que ainda recentemente era acusado de infantil, egoísta e que não ajudava a defesa, a defender. Ca ganda maluco. Ficaram ofendidos contigo por causa daquela cena dos 4 dedos mas eu percebi, estavas a dizer ao Coentrinho para ficar de quatro para ver se o jogo ficava mais renhido, ainda bem que ele é verde e não foi na tua conversa. No final também foste um grande cretino, depois de uma vitória por 8 a 1, sim disse bem 8 a 1, e daquele senhor que fala muito bem o machadez te chamar cretino ainda vais dizer, no teu português ali da Rua da Meloas, que o homem é um bom treinador e está a fazer um bom campeonato e mais não sei quê. Então ele elogia-te com aquela cena do vintém e do cretino e tu, armado em cínico como se não tivesse bastado a cena da coentrada, ainda vais ofendê-lo. Além disto tudo não sabes falar machadez, nem quiqueflorez, nem treinadorez, aliás não sabes falar ponto e deitas muitos perdigotos, ora um homem que não controla a saliva como é que controla uma equipa de futebol. Por isso é que os rapazes andam ali a correr feitos malucos e a meter bolas dentro das balizas, parecem uns animais selvagens enviados pelo Belzebu, ali todos de vermelho aos saltos numa orgia de corridasepassesemaiscorridasemaispassesechutosegolosemaischutosemaisgolos. A determinada altura, houve uma sequência de tabelas entre o Aimar e o Saviola que até eu no sofá me senti tonto e baralhado, durante uns segundos nem percebi bem onde estava, já me queriam levar para o hospital e tudo, isso não se faz. Raios. Tenho, para mim, que não és treinador para o Benfica. Parece que aquele paraguaio maluco acabou o jogo com um míssel lançado a 150 kmh. Depois digam lá se não anda ali o Demo.

22/10/2009

You’re pink you’re young you’re middle-class they say it doesn’t matter Fifteen blue shirts and womanly hands you’re shooting up the ladder Your mind is racing like a pro, now Oh my god it doesn’t mean a lot to you One time you were a glowing young ruffian Oh my god it was a million years ago Sometimes you get up and bake a cake or something sometimes you stay in bed sometimes you go la di da di da di da da til your eyes roll back into your head Your mind is racing like a pro, now Oh my god it doesn’t mean a lot to you One time you were a glowing young ruffian Oh my god it was a million years ago You’re dumbstruck baby You’re dumbstruck baby now you know You’re dumbstruck baby You’re dumbstruck baby now you know Your mind is racing like a pro, now Oh my god it doesn’t mean a lot to you One time you were a glowing young ruffian Oh my god it was a million years ago You’re dumbstruck baby You’re dumbstruck baby now you know You’re dumbstruck baby You’re dumbstruck baby now you know You’re dumbstruck baby

21/10/2009

saramado

Para uns o homem tem um problema mal resolvido com o pai, para outros o homem não gosta de deus mas deus gosta muito dele, para mais uns tantos outros, que não leram nada do homem, o homem não sabe escrever, para outro ainda o homem devia deixar de ser português e, por fim, para mais uns muitos outros o homem tem um problema com a igreja. Porra, com opiniões e frases destas bem o percebo.

ao consultório do Dr. Mexia

Se eu lhe enfiar um vibrador no cu e lhe comer a cona com tudo o que tiver à mão, boca e o resto do corpo todo e no fim souber quantos orgasmos teve e lhe disser, foi bom meu amor quero mais e amanhã também e depois e depois e depois e depois e depois, será que serei um romântico, um agressivo ou um perverso?

20/10/2009

mais sintonias

http://amc-nuncamais.blogspot.com/2009/10/vera-lynn.html#links Aqui lembram o The Wall por causa de Vera Lynn, já aqui disse que o The Wall foi o primeiro disco comprado por me, myself and I, não disse foi que levei um mês a juntar os cerca de 300 paus que custava, para o conseguir tive de ir roubando ao meu pai, da mesa de cabeceira onde guardava os trocos, moedas de 25 tostões e 5 escudos e que, aos 11/12 anos, me deixou completamente arrebatado, sensação parecida só com os Stone Roses e Ok Computer. Lembrar a forma como tudo era tão difícil de conseguir nessa altura sabe quase tão bem como ouvir esta preciosidade, das primeiras que aprendi a tocar.

19/10/2009

em sintonia

Tenho-me ficado por aqui, neste mar manso, como os bois. Já não escrevo há tanto tempo que o tempo não lembra, mas hoje aconteceu-me algo triste, realmente triste. Tive um vizinho em minha casa que a mulher morreu faz dias, veio pedir-me um favor e acabou a chorar-me as paredes. Invejei o desespero franco deste homem, a nobreza, o carácter e a verdade diante de mim. Sou uma mentira, um pechisbeque dos sentimentos. Existe tristeza maior que uma tristeza sem sentido? Um cancro, dois cancros, três cancros, quatro cancros, e eu a vê-los passar, incólume, absurdamente intacto. Histórias de força, de luta, de desespero e muitas de fé, sentimentos que estranho e desconheço. Excepto esta angústia ridícula, vaga e errónea, que mais parece uma colher de sopa estragada, azedada num plástico tipo tupperware de terceira categoria. Volto a escrever para dar conta da realidade que represento, um mendigo de sensações que não se move nem comove. Neste espaço de absurdos a minha astenia cansa-me, sinto uma ansiedade crescente dentro de mim, um volume de nada que aumenta enchendo-me todo o corpo. Discuto comigo em silêncio e levanto a voz, peito que se abre expondo as entranhas estranhas, irrompe em palavras, frases desconexas que assustam e assustam-me, até ao delírio de um ataque que, mentiroso, engana-me e deixa-me em disputa disparatada com o ar. Nesta luta é o ar que me leva um pânico que desconhecia.

music box

Este sábado, após convite irrecusável, lá fui até ao music box ver os Golpes e a festa dos 30 anos do primeiro single do roque portuga, Jorge Morreu dos UHF. Alguns conhecidos que não via há anos no público e no palco também. Os Golpes mostraram muita energia mas uma fórmula sempre igual na composição e prefiro guitarras afinadas, embora o barulho da energia tivesse disfarçado a coisa. Pior foi quando já no fim disseram que a seguir vinham os UHF, uma banda que nos merece o maior respeito. Ok rapazes, respeito/rock não liga muito bem mas se é o que sentem. Depois os UHF, que dizer dos UHF, entre os que odeiam, muitos, e os que amam, alguns, existe um espaço sobre o qual é possível fazer uma análise mais séria e cuidada de uma carreira que sem ser brilhante teve momentos importantes que interessa realçar e admirar. Entre outros, um desses momentos foi, precisamente, o trabalho pioneiro de desbravar caminhos, não só na edição como nos concertos pelo País inteiro do então chamado roque português. Tenho uma relação demasiado próxima e afectiva com esta banda e mesmo com muitos dos seus elementos, actuais e passados, pelo que se me tornaria muito complicado fazê-lo, mas gostava e acho importante que alguém o faça. O concerto foi bom, um alinhamento mais cru próprio para o espaço em questão, apenas dois apontamentos. Poesia tudo bem mas discursos dispensava e os Golpes serem o futuro do roque portuga também me parece uma frase perigosa. Resta-me dar os parabéns ao Tó um e dois, ao Ivan, ao Fernando e ao meu amigo Renato Gomes, agora fora das lides mas ainda um guitarrista como poucos. Ficam três boas canções ouvidas no sábado.

16/10/2009

pior que as praias do allgarve

Erosão Conjugal «Ocorre a Harry que a sua mulher é um canal [de televisão] que não se pode mudar. A mesma testa um pouco alta de mais, a mesma fresta lisa e tola entre os lábios, dia após dia, a todas as horas, na mesma emissora.» John Updike, Coelho em Paz, p. 180 [Porto: Civilização, Setembro de 2009, 539 pp; tradução de Carmo Romão; obra original: Rabbit at Rest, 1990] Reinventar, é a chave. Há aqueles que compram um ecrã de cristais líquidos para testar o brilho que se perdeu por anos de monotonia. Alguns, aproveitando as liberdades que, apesar de tudo, outros vão conquistando por nós, apostam no contraste e agarram no plasma que se cristalizou na juventude dentro do armário, e partem à descoberta. Outros ainda, talvez mais sórdidos e não menos comodistas, cedem ao fastio e abrem os cordões à bolsa para uma subscrição extra de acrobacias em tecnicolor. Há ainda quem lhe custe abandonar o arrepio da descarga eléctrica do tubo catódico, munido para isso de uma auto-indulgência não pressentida, escreva em blogues, exercitando o músculo da sua caudalosidade desde há muito definhado, encapsulado. Faz um zapping. Tens de mudar de vida! [Rilke] AMC Sublinhados meus Aqui: http://amc-nuncamais.blogspot.com/

coisas que me fazem muita impressão

Uma coisa que me tem feito muita impressão nos últimos tempos, tem sido os constantes suicídios dos trabalhadores da France Telecom. Na mesma França onde a ilusão e ingenuidade comandou em 68, hoje a pura e dura realidade cai que nem uma bomba na vida das pessoas. Existem ainda muitos potes para encher, cada vez com fundos mais longínquos e com necessidades mais prementes de mão-de-obra silenciosa, obediente, submissa e desumana, isto não é novidade sempre foi assim, o que se me afigura extraordinário é a desistência. No País da revolução, da luta pela liberdade, no País de uma cultura com raízes fundas, esta desistência parece-me um exemplo típico da decadência de uma Europa velha, triste e cansada. Em Portugal não estranharia, ou talvez não, a nossa tristeza e miséria profunda são já um traço civilizacional a que nos habituámos e aprendemos a suportar, agora em França surge-me como um problema bem mais preocupante que a pseudo-crise económica, a pseudo-gripe suína ou qualquer outro soundbyte que os media tanto gostam. Nós europeus somos, agora, doces patinhos ao alcance de qualquer vírus, seja ele a Alqaeda, as flutuações económicas, a gripe ou os estridentes media que fazem alarde de tudo isto e quase esquecem a dimensão social, cultural, simbólica do que estes suicídios representam.

e que princesa

Music is a princess I'm just a boy, in rags I would gladly spend my life carrying her flags From the first time I heard her the sound of her voice and her beauty completely bewitched me, I was lost then and there I was given no choice ever since, there's been no peace for me. You see, music is a princess I'm just a nobody who'd gladly give his life for her majesty. If in dying I'd move her or make her heart stir if I thought for one moment I'd be missed... but extravagant gestures are wasted on her she's a princess, I'm Oliver Twist. Music is a princess I'm just a boy, in rags I'd gladly spend my life carrying her bags If their weight is much greater than I first supposed I'd remember my oath of allegiance true love is a monarch who won't be deposed, treason hasn't a chance. Music is a princess I'm just a boy, in raaa-aags Music is a princess I will remain unknown, falling asleep at night dreaming of her throne But her jewels are brighter than my eyes can bear and although she is something to die for, I do not have the slipper she's waiting to wear so my dreams remain dreams nothing more. Her jewels are brighter than my eyes can bear yes, she is something to die for, but I don't have the slipper she's waiting to wear I'm a boy dressed in rags at her door. Music is a princess I'm just a boy, in raaaaaags In raa-aaaa-aags In rags

14/10/2009

circus mais que maximus

Não gosto de circo nem de animais mal tratados, mas qualquer dia não pudemos dar uma quanto mais duas. Quem nos proteje destes animais racionais. Depois queixem-se da Maitê.

hoje há conquilhas amanhã não sabemos

Parece que para a Maitê Proença somos inabéis e atrasadinhos. E não vives cá mulher, senão ainda conseguias mais uns adjectivos simpáticos.

respirar

Conheci, recentemente, um blog de alguém que vim a saber muito badalado. Depois de ler alguns textos não percebo a excitação (excitação para mim é mais gajas) mas ultrapassando o parêntesis, não percebo o frémito por alguem que escreve como um genial guitarrrista que não sabe quando o talento das suas malhas impedem a canção de respirar.

13/10/2009

arejar IV

Gostavas de fazer uma canção que fosse tão transparente quanto o silêncio que ouves no desespero da tua agonia, perder-te em malhas soltas na brisa que areja a tua memória e descalçar os sapatos na dança das palavras que te caiem em cima como pedras nos rins gastos. Querias fazer uma canção da cor do teu desespero quando à meia-noite fitas o futuro, feito de falsa e fétida fé. Fuck-se. Não querias mais nada?

Arejar III

aLto voa o sonho; pacienta a esfinge; que caia na sua alçada uma alma que saiba que o jogo só pode ser jogado quando não houver regras. Esperar é um defeito. É temer ousar contra a carne e morder no vazio. Mãos-na-carne: só essa a verdadeira essência do animal que outrora fomos e que sonhamos tentar ser de novo.

arejar II

12/10/2009

arejar

Sou um sonho que nunca lembro Que visita o meu corpo Por vezes Expondo a alma que desatina Sangrando corroída Pelo passar do tempo Sou um sonho que nunca lembro Sou um verso que esqueço Porque sempre em movimento Como a vida Perdendo-se como a memória Que farta se esconde Num papel branco Sou um verso que esqueço Sou a realidade que não existe Que perturba o sentimento Sempre Desgastando um espírito gasto Que jaz ébrio Pelo passar do tempo Sou a realidade que não existe Sou um poema que não tem fim Porque nunca estático Como o desejo Ganhando cor e fantasia Que alegre desponta Numa folha vazia Sou um poema que não tem fim Sou uma imagem que parte Que serena percorre mundo Por vezes Reflectindo todas as cores e lugares Todos os credos e pensamentos Pelo passar da história Sou uma imagem que parte Sou um livro que nunca li Porque o sei de cor Como a realidade Onde procuro uma ideia Que bela se transforme Num compêndio vasto Sou um livro que nunca li Sou a vida que pretendo Que agarro e perco Sempre Sonhando todos os momentos Querendo todos os momentos Pela passagem efémera Sou a vida que pretendo.

culpado

Por volta dos meus 10 anos e durante uns meses eu pensei que isto era o futuro do rock. Que fascínio aquela careca e aquela bateria electrónica tocada de pé. Na mesma altura também gostei destes, mais estes. e ainda estes.

04/10/2009

estado de guerra

Gostava de desistir, deitar-me com as árvores sobre a terra e parar, ficar quieto, totalmente estático. Desistir de tudo sem contemplações, de todos os pensamentos e movimentos e, simplesmente, existir porque estou lá. Como as árvores, firmes e robustas.Gostava de desistir, confundir-me numa planície repleta de flores e parar na mistura aleatória de cores. Abandonando em cada pétala tudo o que conheço e aprendi e, simplesmente, existir em cada espécie. Ser todas as cores da natureza.Gostava de desistir, inserir-me deserto dentro sobre as dunas e parar na imensidão do horizonte. Sossegando o cansaço da gravidade, de todas as recordações e enganos e, simplesmente, existir no crepúsculo que, breve, desponta todos os dias.Gostava de desistir, afundar-me no oceano, ser uma onda e parar na areia infinita de uma praia, desaparecendo por entre cada pedaço e também os desejos, os sonhos e, simplesmente, existir em cada grão, tornando-me o infinito que não se encontra.Gostava de desistir, elevar-me ao céu sobre as nuvens e parar, aconchegar-me nas várias formas, perdendo todos os contornos que sou e também o tempo, passado e futuro e, simplesmente, existir no presente, em todas as formas e contornos possíveis.Gostava de desistir, perder-me no espaço com as estrelas e parar nos braços ternos de uma lua, desintegrando-se todo o corpo palpável e também o espírito mais a alma e, simplesmente, existir na eternidade, num ponto qualquer do universo. Gostava de desistir, mas não sei. Gostava de uma deixa que me permitisse continuar, por aqui fora sem mais que a loucura da certeza da inconsequência, um bocado, um pedaço, uma terra, um país, um continente, um mundo, o universo. Um tanto que será sempre tão pouco ou tão mais que este nervo que me tira o sono depois deste filme que me derrota e deixa amargo, ainda mais amargo nestes ácidos gástricos que não controlo e que, dizem, vem da minha inquietação. Ansiedades mil, caralho preciso é da droga, dá-me com a cannabis na minha inércia, espeta-me o cachimbo nos olhos para ver se acordo, leva-me nesse avião e desampara-me nessa guerra em cima de uma bomba por explodir. Só, eu e a minha eternidade ilusória, sem palavra, sem expressão, sem conjecturas, sem falácias, sem engano, sem política. Apenas só. E só sou comigo e contigo, explosão da alma, puta traiçoeira que não comando. Gostava de sorrir aos Deuses e dizer-lhes que dificilmente me domam o espírito, mas que quero que continuem a tentar. Apaziguar-me em festas do jet7 ou no jacto orgásmico directo ao centro da fémea que desejo ou fazer-me mulher e receber vida, vida dentro que não sou mas que tenho e acarinho, dobrar-me as costas e parar com as revoluções fictícias e mais os golpes neste estado que sou, segurar-me nesta melancolia que figuro e amparar-me a queda desta tristeza que me assalta quando o vento me larga sem norte. Preciso que a melodia que rodopia na minha cabeça se torne uma canção e se faça em arco-íris com um pote de ouro no fim ou em balões vermelho sangue que o vento leva em festa pelo céu azul, numa bola de andebol que giro nas mãos das crianças que tenho, em gomas coloridas que dou ao meu filho que ri satisfeito e feliz e me pede para ir ao estúdio tocar bateria parando aqui esta alucinação. Que bom rir, eu sorrio e vou-me com ele e os ácidos acalmam-se, esquecem-se das explosões, da traição, da guerra, da vida. Gostava que o mundo fosse uma prateleira infinita de pacotes coloridos de flocos, mas não é.

01/10/2009

procuro

pianista, acordeonista com boa voz. Contacto: josefonseca3@hotmail.com

24/09/2009

e uma revolução

É QUE É MESMO ASSIM Se quiser acabar com o governo PS de José Sócrates, só há uma maneira. Votar no PSD. Se não quiser, há várias maneiras de o manter em funções. Pode votar no PS, no CDS, no PCP, no BE, no MEP, não votar, votar nulo, etc, etc..O voto no PSD não é um voto útil, é um voto utilíssimo.Depende do que quiser, claro. É uma escolha, responsabilidade de cada um. JPP aqui http://abrupto.blogspot.com/ PS: um golpe de estado, uns tiritos só ou apanhar um foguetão para o espaço também?

bom micróbio este

INTELECTUAL DE ESQUERDA A partir de Antonio Gramsci O intelectual de origem popular trabalhou uma vida inteira para fintar o destino. Veio do povo. Ninguém sabe para onde foi. Continuou ligado às origens pela retórica, que é um elo muito semelhante ao cordão umbilical. Com o tempo, apodrece. Resta o umbigo. Ele sentia no umbigo as necessidades do povo, ele sentia no umbigo as aspirações do povo, ele sentia no umbigo os sentimentos do povo. Mas a barriga cresceu-lhe tanto, que o umbigo dilatado deixou de sentir o que quer que fosse. O intelectual de origem popular é uma casta rara. Como todas as castas raras, este de que vos falo acabou por ser tragado por quem o pôde pagar. HMBF aqui http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/

22/09/2009

nojo

- Você tem pinta, tem muito bom aspecto, facilidade de comunicação e expressão, tem um discurso fluído, uma licenciatura, uma boa experiência profissional, acho que iria gostar de trabalhar connosco e sentir-se bem na nossa empresa. Pois, pois, pensava eu, e quanto é que essa treta toda (da qual a maior parte eu nem tenho culpa) vale? Claro que a minha facilidade de comunicação e expressão ou a puta que os pariu conseguiu disfarçar e chegar lá de outra forma. 570 euros já com os descontos mais 1% de comissões, seguido do habitual sei que, hoje em dia, não é muito; mal dá para viver, mas... a empresa assim e assado e mais não sei quê, tudo com muitas vírgulas, pontos e vírgula e até a porra das reticências. Então se eu tenho as qualidades todas que me acabaste de dizer, para que é que eu quero um trabalho a ganhar a merda de 570 euros meu cabrão. Será que não percebeste antes de me chamares aqui para perder tempo? Que nojo de Portugal este.

última hora 2

Parece que a asfixia que tinha a virtude de ser democrática foi já ultrapassada por uma verdadeira asfixia da democracia. Boa, e ainda não estão lá.

última hora

Neste sol radioso de fim de Verão, Portugal acordou descobrindo que tem um Presidente viscoso, estando por provar, para alguns, que quando morde deita veneno.

21/09/2009

The Triffids

Uma das coisas boas dos blogs é a possibilidade de alguém nos lembrar ou dar a conhecer algo que esquecemos ou desconhecemos. Neste caso não conhecia mesmo, que grande versão de uma grande canção de um grande compositor por outro grande compositor de uma das bandas mais importantes da minha acne e não só. Com cerca de 15 anos ouvia e voltava a ouvir o Calenture dos Triffids, numa cassete que um professor de português me gravou, ainda hoje oiço com o mesmo prazer. Então aqui fica mais uma vez e agradecendo ao Pedro Mexia, Leonard Cohen numa versão de David McComb e, já agora, mais duas de Calenture.

goleadas

Depois de uma série de goleadas parvas (porque podiam ter sido mais) e de uma falhada (com o Marítimo), o meu Benfica voltou a fazer um jogo sério, tal como já tinha feito com o Guimarães, em que não falharam golos atrás de golos e foram eficazes, que interessa marcar 8 se deviam ter sido 14 ou marcar 4 se deviam ter sido 9. É muito bom sinal ganhar mesmo quando não se joga bem.

18/09/2009

Aí vou eu, desligado de tudo, em modo off de mim mesmo, máquina estrépida de alta velocidade em quinta abrir, norteado por uma bússola interior de parábolas inquietantes. E o vento empurra-me, qual folha caída deste Inverno, este pensamento provoca-me um esgar e deixa-me feliz, hoje sou como uma folha levada pelos ventos em festa. Preso na liberdade retórica deste pensamento avanço, passo passos em passeios, caminhos, estradas, lugares, e a cidade passa por mim. Desejos, desespero, sorrisos, indiferença, nervos, muitos nervos frenéticos, verves mil e a minha também. Hoje a cidade sou eu. Se existissem caçadores de almas e pudessem ser caçadas, apanhadas na distracção de um olhar no virar de uma esquina, que manjar dos Deuses teríamos neste dia claro. Se existissem açambarcadores de espíritos e pudessem ser açambarcados, perdidos na solidão de um lugar qualquer sem destino, que orgia no Olimpo e sete colinas para pôr a mesa. Se existissem umas escadas até à nuvem mais próxima, treparia degrau a degrau até ao topo e sentar-me-ia nela, aconchegado, olharia para baixo e ria sozinho. E se existisse um céu grande onde me pudesse deitar, apartaria toda a luz e regava de raios as colinas, nesta minha cidade, branca, a claridade seria eu. Mas não sou. Sou apenas este vulto de negro vestido, que se move andando por entre as cores. Nesta corrida retenho tudo, todos os ângulos de recantos e linhas rectas certas, feitas depois das curvas e contracurvas deste vai e vem. Todos os cruzamentos, entroncamentos e ligamentos, que ultrapasso e acumulo dentro de mim, como um maremoto da alma em erupção continua. Todas as casas, prédios, jardins e bancos, pedra que contemplo e de onde contemplo o que vejo, este todo prometido que agarro e deixo fugir por entre os passos. Todo o alcatrão e estradas que fazem o caminho, p’ra baixo p’ra cima ao som da concertina, imaginário incoerente que raza a razão. O caminho será este? Se o faço será, se o piso é. Assim em frente, que tudo vale a pena quando a alma caminha. Ligeira embriaguez que agarro neste tudo, que são carne, pés, pernas, tronco, braços, cabeça e olhos, abandonados na melancolia de um sentir vago intenso. Se me ofereceres só mais um copo, salto por ti acima, acima de ti subindo e ergo-me desta solidão. Serei um pouco mais de mim. E eu consigo, por vezes consigo ser um pouco mais, mais vontade, mais determinação, mais ilusão, mais sonho. Na minha falta de fé começo a ver deuses e a acreditar na claridade que o vento trás. Olho para todos e vejo-te a ti, despida, nua, completamente nua, exposta, os meus olhos espreitam. Olho para tudo e sinto-te toda, na calçada, nos carros, nos eléctricos, nas lojas, no rio, humidade que desagua em mim. Nas árvores, ramos que se aconchegam em mim. Na terra, fertilidade que se oferece a mim. No céu, estrelas, planetas, luz que fazes que sou, claridade em mim. Vida nos olhos dentro. Neste deambular distraído entardece. No rio vêem-se quase todas as cores do dia, um dourado púrpura indefinido que, onde o sol não reflecte, se transforma num prata espelhado anunciando a noite. Os cacilheiros num vai e vem ininterrupto de pessoas, com pensamentos, vontades, ambições, sonhos, tudo a cores e em três dimensões, largura, altura e profundidade. Luz que me atravessa a córnea, o humor aquoso e o cristalino, transformando-se em filme fotográfico na retina, ilusão invertida que o nervo óptico leva ao cérebro que processa a imagem como a vejo. Mas como a sinto? Na altura da minha profundidade, cristalino o meu humor, sorrio e retenho o nervo na ansiedade que este todo me faz. Penso, admiro e recomeço o processo invertendo-o. Imagem, cérebro, nervo, retina, cristalino, humor, córnea e, finalmente, luz. Claridade que, devagar, se vai com o sol.

14/09/2009

vampiros

Prezo demais a liberdade e a iniciativa individual para ser de esquerda, na direita desprezo o individualismo, o moralismo e a falsa noção de liberdade. O centrão mete-me nojo. Não suporto quando a esquerda se faz ingénua, envergonhada e se cala ignorando o que foram factos, na direita agonia-me a prepotência, o autoritarismo, o populismo saloio e a hipocrisia inerente a tudo isto. O centrão mete-me nojo. Não gosto quando a esquerda ganha, nas autarquias, os tiques dos que criticam nos governos e servem-se do poder exactamente da mesma forma, na direita repugna-me a sobranceria, o egoísmo, o despotismo. O centrão mete-me nojo. Por tudo isto, votar está fora de questão, acho que nem com 3 ou 4 banhos recuperava.

there will be blood

Haverá sangue não, nasceste no sangue, fizeste-te no sangue e acabaste no sangue. Neste percurso não sei se percebeste que a hipocrisia que repugnavas era a mesma onde te construías e a mesma onde, em grande estilo, acabaste. "I'm finished" disseste, mas finished what, acabaste com um triste que nasceu triste, triste viveu e vais dar-lhe o privilégio de o matares tornando-te mais triste do ele próprio. Será que não vês que o que passaste devia fazer-te rir dessa gente e não dar-lhe conversa. Conheço pessoas como tu, abominam a hipocrisia excepto aquela que representam e são, arrasam tudo por onde passam, principalmente os mais próximos. És esperto mas deves muito à inteligência, quando não percebes anulas não tentas aprender e se o teu divertimento se limita a desprezar um filho porque simplesmente quer seguir o seu caminho ou a matar falsos profetas com uma marreta dum jogo parvo é porque és um pouco limitado, percebo a vontade só não percebo a cedência a essa vontade. É esta pequena diferença que te diminui mas até entendo que para quem não cabe nos espelhos a opinião seja diferente.

11/09/2009

The First Days of Something

Os pássaros soltam-se arrastando o ar que o vento leva, o voo para a madrugada estática que acorda. Parte noite febril de frio fresco pelas frestas que desenhas, arrepia os caminhos, todos, e leva-te perdendo. Pouco a pouco dissolve, na água, a mágoa que sonhaste ter sonhado e abandona todas as ilusões que não anunciaste e todos os passos que não deste. E pensaste em nascer. Lembras o desejo que lavas esbugalhada e trazes abandono coalhado nas margens em que ficas prostrada. Anuncia a renúncia externa das exteriorizações que representas, oferece um atalho até à última luz e vai-te, saindo. Abranda a velocidade da perda, prostituta, que os sonos não levam e também a vontade que não conseguiste ganhar e despedaça esta sensação que fazes. E volta a querer. Não penses na claridade fingida que te rouba o espaço e se ergue desassombrada do desassossego que és. Sabes que podes aprender a ausência do tempo que não tens, refugia-te no embaraço laço dos pensamentos e cai. Procura-te na incerteza que és, pára, cresce na escuridão que estás e confronta todas as dúvidas, hesitações e lembra o efémero que o sol trás. E pede para ficar. Celebra as estrelas que se fazem abrindo, no teu infinito, caminhos, liberta a certeza da presença única que existe. Essa constância que desprezas por nunca estares satisfeita. Que buscas no exterior? Que queres de lá de fora? Luz, claridade, paz, sossego, satisfação, prazer, afecto, amor. Desfaz-te em desolação quieta e volta a imaginar o sonho que perdeste, faz-te no teu interior infinito de finitude ausente. E volta a nascer.

ossos

RESTOS MORTAIS O que de nós mais dura: só esqueleto que nos fez ósseos mais do que moluscos. O resto acaba tudo: quanto foi sentidos, vontade, amor, inteligência, carne, e sobretudo sexo, o sexo acaba e se desfaz na mesma pasta informe e fim de tudo que não é só ossos, apenas os detritos da armação mecânica de que se pendurou por algum tempo, em sangue e carne, o porque somos vida. E aquilo com que a vida se gozou ou por acaso vidas foram feitas, acaba como o mais – e os ossos ficam, dos deuses esburgados. Porque os deuses temem que sobreviva o sexo em de que morrem na liberdade de existir-se nele. A PORTUGAL Esta é a ditosa pátria minha amada. Não. Nem é ditosa, porque o não merece. Nem minha amada, porque é só madrasta. Nem pátria minha, porque eu não mereço A pouca sorte de nascido nela. Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta quanto esse arroto de passadas glórias. Amigos meus mais caros tenho nela, saudosamente nela, mas amigos são por serem meus amigos, e mais nada. Torpe dejecto de romano império; babugem de invasões; salsugem porca de esgoto atlântico; irrisória face de lama, de cobiça, e de vileza, de mesquinhez, de fatua ignorância; terra de escravos, cu pró ar ouvindo ranger no nevoeiro a nau do Encoberto; terra de funcionários e de prostitutas, devotos todos do milagre, castos nas horas vagas de doença oculta; terra de heróis a peso de ouro e sangue, e santos com balcão de secos e molhados no fundo da virtude; terra triste à luz do sol calada, arrebicada, pulha, cheia de afáveis para os estrangeiros que deixam moedas e transportam pulgas, oh pulgas lusitanas, pela Europa; terra de monumentos em que o povo assina a merda o seu anonimato; terra-museu em que se vive ainda, com porcos pela rua, em casas celtiberas; terra de poetas tão sentimentais que o cheiro de um sovaco os põe em transe; terra de pedras esburgadas, secas como esses sentimentos de oito séculos de roubos e patrões, barões ou condes; ó terra de ninguém, ninguém, ninguém: eu te pertenço. És cabra, és badalhoca, és mais que cachorra pelo cio, és peste e fome e guerra e dor de coração. Eu te pertenço mas seres minha, não. Jorge de Sena Embora agora não faça diferença nenhuma, não será um abuso fazer regressar quem nunca quis voltar?

09/09/2009

The beatles

I read the news today oh boy About a lucky man who made the grade And though the news was rather sad Well I just had to laugh I saw the photograph He blew his mind out in a car He didn't notice that the lights had changed A crowd of people stood and stared They'd seen his face before Nobody was really sure if he was from the House of Lords. I saw a film today oh boy The English Army had just won the war A crowd of people turned away But I just had a look Having read the book, I'd love to turn you on... Woke up, fell out of bed, Dragged a comb across my head Found my way downstairs and drank a cup, And looking up I noticed I was late. Found my coat and grabbed my hat Made the bus in seconds flat Found my way upstairs and had a smoke, and somebody spoke and I went into a dream I read the news today oh boy Four thousand holes in Blackburn, Lancashire And though the holes were rather small They had to count them all Now they know how many holes it takes to fill the Albert Hall. I'd love to turn you on.

08/09/2009

fados

Umas semanas atrás num concerto da Ana Moura, conheci um extraordinário Senhor de 90 anos que, apesar de sofrer de Parkinson, veio da Amadora até Corroios para assistir ao espectáculo. Depois de alguma conversa, vim a saber que além de ter uma escola de fados ainda em actividade, também era produtor e já tinha escrito várias letras para muitos cantores bem como crónicas para jornais e revistas. Mais exemplar é o facto de continuar a fazê-lo apesar da doença, de forma engraçada e brincando com aquele destino lá me foi dizendo que tinha um despertador para se lembrar de tomar os medicamentos entre outras coisas. Depois de saber que eu também era músico convidou-me para escrever canções, pois faria gosto em as apresentar a alguns cantores conhecidos. Nunca fiz um fado na minha vida mas, no dia a seguir, fiz duas letras de rajada, a música é que me anda a custar um pouco mais, não porque me pareça difícil mas porque ando um pouco irritado com a guitarra e as cordas mais as cordas desafinadas da vida e um fado irritado não me pareça uma boa opção. Talvez um punkfado ou fadopunk até não fosse uma má ideia, mas, para já, falta-me o génio e, para depois, talvez até o engenho. Sim, talvez. SIM Sim, confesso o meu destino E os passos que dizem ser sorte Sobre esta guitarra em tom fino Canto a vida e o caminho para morte Sim, digo os segredos que quero E as histórias que não esqueço Neste fado em que espero Ser tudo o que enfrento e pareço Nem anjo ou vilão Nem amor ou razão Nem triste ou sério Nem claro ou mistério Só a voz que Deus me deu Sim, sou a voz que canta Os versos, as preces, a solidão O sorriso de uma criança Estas pedras que são chão E se o mundo ainda se espanta Com esta música que é dança Abro o peito na ilusão Que a vida também é mudança Nem anjo ou vilão Nem amor ou razão Nem triste ou sério Nem claro ou mistério Só a voz que Deus me deu Sim, confesso o meu destino Sim, digo os segredos que quero Sim, sou a voz que canta A vida também pode ser mudança TALVEZ Talvez não possas amar assim Sem meus olhos nos teus E tudo o que buscas em mim É a lágrima que se perdeu Não sabes esperar O tempo que não tem fim Nem as falhas que já escondeu Talvez não possas amar assim Sem certeza nem condição E tudo o que queiras de mim É a frase que diz paixão Mas o que não sabes São as palavras que esqueci Nem o aperto no coração Por isso parte Na descoberta que já perdi Por isso parte Que talvez não possas amar assim Talvez não possas amar assim Sem medo nem liberdade E tudo o que procuras em mim Seja um esgar de felicidade Mas não podes saber O espaço que não tem fim Nem o tempo sem idade Talvez não possas amar assim Sem o fado que não sei E o que precisas de mim Seja tudo o que abandonei Mas não podes esperar Pelas palavras que já esqueci Nem o destino onde me fiquei Por isso parte Na descoberta que já perdi Por isso parte Que talvez não possas amar assim

02/09/2009

Benfica e muito mais

Acontecia-me, muitas vezes, ter de apanhar um táxi de Yonkers para Mamaroneck quando acabava o trabalho demasiado tarde para transportes e não levava carro. Entre uma amálgama das Nações Unidas, uma vez apanhei um taxista ligeiramente para lá da meia-idade, baixo, anafado, com bigode e falador, ou seja um típico Mexicano, embora um taxista português pudesse enfiar também esta carapuça. Mas se esta descrição cabe na perfeição a um portuga, já relativamente à conversa tida nos vinte e tal minutos da viagem não direi o mesmo. Quando a uma primeira pergunta lhe satisfiz a vontade, algo atabalhoado, e disse que era português, o excelentíssimo Senhor, que no México é Dom, começa logo a falar do Eusébio e do Benfica. Até aqui tudo normal, praticamente todos os países onde estive o Benfica era tema recorrente. Pedi-lhe para falar em castelhano em vez de inglês, visto ser-me mais difícil perceber aquele inglês, se a tendência para falar já era grande, na língua materna a vontade e o à-vontade aumentaram desatando a falar-me do D. Afonso Henriques, dos descobrimentos, do Infante D. Henrique, de D. Pedro mais a independência do Brasil, acabando no 25 de Abril e na entrada na CEE. Nisto dou comigo a chegar a casa, apesar do cansaço de 12 horas de trabalho ainda fico mais uns bons minutos a conversar com este Dom que, infelizmente, não lembro o nome. Pior foi o drama da gorjeta. Que dinheiro se dá a uma pessoa que me apetecia por num avião directo para uma qualquer escola portuguesa para dar aulas de história. Àquela hora da madrugada Mamaroneck é uma aldeia, a casa tinha pessoas a dormir, como beber um copo estava fora de questão acho que a conta que costumava ser 20 foi só 17 e eu acabei a dar-lhe 30 e um forte aperto de mão.