24/11/2011

frágil

Hoje parei em galáxias longínquas no frio húmido desta estação, e voaram palavras por baixo das estrelas que trouxeram constelações mais um universo infinito de ânsias.

Já houve um tempo em que as palavras traziam sossego amanhado na saliva que pensava conhecer, mas os tempos não estão fáceis e a saliva começa a ficar gasta na acidez de desejos e sonhos que se desfazem em percepções inúteis e, quem sabe, falaciosas.

E regresso à terra, esta que os pés teimam em pisar, a força da gravidade é mais forte que a ilusão distante de outras dimensões, físicas, extrafísicas, é indiferente, a terra que pisamos será a terra que seremos.

Entretanto, enquanto a cabeça se mantém entre as orelhas, pouco mais há para querer do que o amor de quem amamos, olhar o espelho, ver a loucura de tudo e ter a certeza que, mesmo assim, ainda nos vemos e, já agora, fazer uma careta aos fracassos e insistir.

Depois, podemos sempre questionar a existência, esse abismo sem resolução, podemos sempre procurar um sentido para tudo, alguns podem até conhecer deus e fazer da esperança e da fé um nirvana, outros tentar perceber a força das emoções ou a natureza dos conflitos, é igual, no fim resta aquilo que sentimos, o que fizemos será apagado pela voragem do tempo.

Neste teatro tragicómico, resta-me resistir e procurar-te no canto mais isolado do palco, dar-te a mão, trazer-te à boca de cena e dizer que te amo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindo.

Manuel H.

Anónimo disse...

"resta-me resistir e procurar-te no canto mais isolado do palco, dar-te a mão, trazer-te à boca de cena e dizer que te amo".

Muito bom, parabéns.

SC