28/07/2011

bom dia

Manuel Zacarias Segura Viola é um homem que, quando é preciso, também pensa na esperança. Contudo, e como o verde até nem é das cores que mais gosta, rapidamente se lembra que quem espera desespera e, sobretudo, é um inútil.
Assim, tal como o coração, Zacarias é todo vermelho a bater pela Maria.

20/07/2011

bom dia

Desde que se sabe gente, Manuel Zacarias Segura Viola sempre conheceu e teve pessoas que admirou, gostou e amou.
Sempre que quiseram ou tiveram que partir, o coração de Zacarias abanou mas compreendeu e continuou a bater.

bom dia

Manuel Zacarias Segura Viola gosta de ver a neve a derreter-se na montanha, de gelado a derreter-se na boca, de gelo a derreter-se no corpo, de chocolate derretido, de manteiga derretida nas torradas e do queijo nas tostas, das cordas a derreterem-se nos dedos.
Contudo, o coração de Zacarias, víscera mole mas sólida, só se consegue derreter com a Maria.

19/07/2011

aneurysm


Come on over, and do the twist, uh-huh
Over-do it, and have a fit, uh-huh
Love you so much, it makes me sick, uh-huh
Come on over, and do the twist, uh-huh

Beat me outta me, beat it, beat it [x7]
Beat the outta me...

Come on over, and do the twist, uh-huh
Over-do it, and have a fit, uh-huh
Love you so much, it makes me sick, uh-huh
Come on over, and shoot the shit, uh-huh

Beat me outta me, beat it, beat it [x7]
Beat the outta me...
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh...

She keeps it pumpin' straight to my heart [x8]

chamada

Queres dançar mas não sabes.

Na valsa pensas binário,
dois seres dois tempos,
pisas em falso o terceiro
e pesa-te a cabeça sobre os ombros.

No tango tentas a sensualidade,
a paixão nos movimentos,
soltos na chama da vontade
corpo preso na tensão dos músculos.

A rumba sugere descontracção,
vida a abanar o vento,
pensamento perdido no nada
e a brisa desfeita o cabelo.

Do flamenco queres a transcendência,
espírito aberto às sensações,
a luta, a esperança, o orgulho,
engolidos na voragem de um suspiro.

Do samba arrancas a atitude,
o encanto da surpresa
na elegância da carne,
mas falta-te o ritmo na condução.

Da salsa antevês o tempero,
a pitada de sal e pimenta
que desejas do encontro,
e queima-se-te a língua no sabor.

Resta-te o rock,
três acordes a embalar o desejo de aprender a dançar.

Queres dançar e não sabes,
mas sabes que é difícil amar sem saber ser amado.

bom dia

Apesar de não ser um homem novo e, aparentemente, também não ser burro de todo, existem coisas que Manuel Zacarias Segura Viola não entende bem.
O que é que a sede tem a ver com a água, a virtude com a verdade, a verdade com a mentira, o silêncio com a paz ou a paz com o fim. A paixão com a vontade, a vontade com a chama, o desejo com a memória, a memória com o tempo ou o tempo com o espaço. A animalidade com a estupidez, a estupidez com o corpo, o corpo com a carne, a carne com o espírito ou espírito com a alma. O medo com a desonra, a vergonha com o medo, a justiça com a compaixão, a cobardia com o amor ou a guerra com a morte.
O coração de Zacarias é um fenómeno, bate no númeno com a coisa em si, no cu com as calças faz ricochete e aleija-se.

17/07/2011

arejar

bom dia

Manuel Zacarias Segura Viola, numa distracção aparente,
tem-se desinteressado de várias coisas e há muito que deixou de esperar o melhor das pessoas. No entanto, quando o melhor das pessoas acontece, o coração de Zacarias fica insuflado de ar.

09/07/2011

bom dia

Apesar de acreditar em milagres e, por vezes, ainda lhe sair um santinho da boca, Manuel Zacarias Segura Viola nunca acreditou em santos. Os demónios aparecem-lhe em forma de banda desenhada, como que uma voz-interior que é arrotada num balão de vez em quanto.
E se o pensamento se baralha amiúde, o filha da puta do coração do Zacarias teima em dizer sim.

07/07/2011

6 x 2

1 olhar e verem-se os olhos
2 lugares de encontro
3 sentidos corpo dentro
4 mãos entrelaçadas
5 dedos na carne
6 sopros no destino
7 ondas de espuma
8 sonhos para embalar
9 segredos sussurrados
10 desejos marcados na pele
11 beijos no horizonte
Uma dúzia de vontade e querer

Dentro de ti o fim.

01/07/2011

valsa do adeus

Uma valsa em rodovia,
andamento em compasso ternário,
duas vozes paradas,
dança adiada.

Se soubesses o impossível,
o veludo da palma das mãos,
o desfolhar dos minutos,
a ferida do tempo.

Um adeus invisível,
personagens de ficções trocadas,
“estórias” e a vida,
a realidade a passar.

Se quisesses o sorriso,
o beijo no fim do poema,
o entendimento dos sentidos
a descoberta do amor.

Uma valsa a sós,
sobre pétalas de muitas cores,
dois corpos apertados,
dança adiada.

E o mundo parado a ver.

só a vida

Não há nada de especial,

na noite caída,
o precipício do corpo,
talhado no cansaço
de sonhos confusos.

O silêncio.

A vida sobre os ombros,
nem deserto nem oásis,
só tudo,
palavras truncadas no pensamento.

O silêncio.


Não há nada de especial,

entre o ir e vir,
as portas que se abrem
para se fecharem a seguir,
o cinzento de Verão abafado lá fora.

O silêncio.

Um autocarro sobre a memória.
Porra! Quanto?
O valor a vencer a idade,
gotas mornas na vidraça.

E o silêncio.

Não há mesmo nada de especial.