31/07/2010
ao zé toino
E o tempo age,
solta as amarras e leva tudo,
o que foi, o que é e o que será.
E a noite leva a luz,
e o vento leva o pó,
e o pó leva histórias,
e as histórias espalham-se,
e o mar leva os grãos,
e os grãos desfazem-se,
e o tempo leva tudo.
E o tempo age,
e os poetas inventam,
e as palavras são vazias.
Porque o céu é apenas o céu,
o mar apenas o mar
e a terra apenas a terra,
porque uma palavra é, tão só, uma palavra,
e por muito que queira ser uma árvore,
não sou,
por muito que quisesse ser um rio,
não sou,
por muito que gostasse de ser a lua,
essa que os lunáticos gostam de enfiar nos poemas,
não sou,
e o tempo leva tudo,
as palavras também.
E o tempo age,
olá se age,
marca-se no corpo,
marca-se na alma (o que quer que esta seja)
e leva tudo,
leva a inocência,
leva a pujança,
leva a virilidade,
leva a saliva que nos faz dizer
e mata a sede,
e se isto for uma metáfora,
que seja boa e a possas embrulhar e oferecer a alguém,
e, já agora, leva o sentido que eu não quero,
porque o tempo leva tudo.
Se me deixar só um bocadinho da tua memória,
talvez consiga ser um pouco mais.
E o tempo agiu.
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