23/03/2010

artkafé

Sábado passado toquei num desses espaços que todos os músicos gostam de tocar. Um bar que, apesar da vertente comercial, privilegia não só a qualidade como a história, com vários discos em vinil dos primórdios do rock, do jazz e da pop, ainda por cima tivemos um acompanhamento por parte do Pedro, o melómano da casa, excepcional, chegou até nós com 2 vinis antigos acabados de comprar, Marvin Gay e Rolling Stones, que logo pôs a tocar e, naquele som puro, até a batata frita era mel para os ouvidos. Depois do som feito fomos jantar, a conversa foi música e mais música, incluindo crítica aberta e frontal à nossa, que, vindo de quem veio, foi mais mel para os nossos ouvidos e ainda mais força para continuarmos. No concerto a sala estava completamente cheia, com o António a tocar os teclados em cima do público porque não cabia no estrado, um terço da sala bazou a meio mas os que ficaram foram efusivos quanto baste para quem está a ouvir aquelas músicas pela primeira vez, reconhecendo que algumas não são muito fáceis de assimilar numa primeira audição. No final e porque quem ficou merecia, antes do último original ainda tocámos o Rape me, Fake Plastic Trees e o Sympathy for the Devil, o que nos soube muito bem. Quando acábamos fui ao bar pedir uma bebida, um rapaz que a meio do concerto tinha mandado uma boca a dizer mais ritmo, mais força, abordou-me e disse-me que a nossa música era para pensar, muito mole ou suave e que o pessoal à noite não quer pensar, quer é desbundar, ainda disse que o nosso som estava assim entre Pink Floyd, Doors e os Beatles, a este excelente cocktail encolhi os ombros e disse que havia um bar de forró mesmo ali ao lado, entretanto paguei-lhe um copo e penso que ficou feliz e eu também. A nossa versão é bem diferente mas à falta fica o original.

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