Donde sou vejo o Sul, o Sol que me nasce à esquerda,
empina ao meio-dia e, agora que é Inverno, se põe às 6 pm,
obliquando ocidente abaixo donde sou à direita,
pm sim, um estrangeirismo porque o tempo estranha-me
e dezoito é uma eternidade demasiado grande.
Donde sou, parado em movimento, vejo o sol mover-se parado,
desde o alvor da madrugadora até ao declínio do crepúsculo,
e penso na ilusão das coisas, na ilusão de todas as coisas,
no engano de um centro perene que nunca serei,
e no equívoco dos sentidos que nos ensinam a seguir.
E,
desde a névoa que o vermelho da aurora matinal esbate,
ao crescimento de uma luz de um dourado intenso,
transformando este dia numa claridade azul frio de Inverno,
até ao ocidental ocaso vestido de vermelho púrpura,
envolto em nuvens escarlate indefinido fazendo vénias à noite,
donde sou, erro a matéria que me faz e duvido do que vejo.
E
aqui estou,
donde sou,
reflexo inorgânico de solidão parada,
sombra baço desbotada,
embaciada em orvalho madrugador.
Assim, procuro a simplicidade,
o breve momento em que me confundo com uma gota húmida do orvalho.
Fotografia: mp
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