07/06/2008
Rock in Rio
Por razões que não interessam, fui, pela primeira e espero última vez, ao Rock in Rio, não que não goste de concertos, mesmo em festivais desta dimensão, mas faz-me assim um bocadinho impressão aquelas coisas de um mundo melhor, a natureza, ajudar os pobres e por aí fora. Fora sim, porque lá dentro era Macdonald's, Pizza Hut, Coca Cola, Vodafone, Millenium enfim, tudo pequenas empresas em dificuldades que não apelam nada ao consumo, essa coisa que não faz mal nenhum ao mundo melhor. Aliás, acho até que os empregados dessas empresas também estavam lá para ajudar, prescindiram do muito que ganham por hora para dar aos pobres e aos animais em vias de extinção, ou para a criação de minhocas que podem fazer falta para os hambruges e a manutenção daqueles postos de trabalho bem remunerados.
Bem, mas aquilo era para concertos, som, música, rock, verdade, talvez um bocado de emoção, assim só um bocadinho inho inho, pois era, e também para putos a irevireempurraretelefonaretirarfotografiasemandarmensagensefalar e o raio que os partisse que eu estava a tentar qualquer coisa, talvez ouvir música.
Apesar da inflamação nas costas de andar a contruir o meu estúdio, tudo com materiais reciclados (do lixo), por causa dessas coisas da natureza e um mundo melhor e da pobreza, pelo menos a minha, lá me coloquei ao lado da mesa de som, sitio onde o som deve ser o melhor porque está lá a mesa que é do som e do técnico que nela mexe para que som esteja bom, desculpem mas gosto da palavra som, e estava, o som estava bom, menos mal, o pior foi o resto.
Primeiro os Orishas, nem com bolinhos, emoçao zero parecia um disco a tocar, música a metro como diz o meu pai.
Depois os Kaiser Chiefts, música à balda com muita pseudo-energia, não há pachorra, muito fraco.
Finalmente, sem perceber porque já, os Muse, melhor os comprimidos ainda me estão aguentar as costas. Não sei se é porque Matthew Bellamy toca guitarra como quem quer comê-la, se porque toca piano como se estivesse a embalar crianças ou se porque canta como se fosse morrer no fim de cada música, mas gosto deste tipo, além disso não diz baboseiras nem vai agarrar-se com a multidão, apesar de ser quem mais transpirou, suspirou, respirou música naquele palco. Admira-me a organização de apoio à guitarra não se queixar, ele trata-as tão mal que tinha de trocar em cada música, todas negras coitadas. Demasiado épicos? Sim e depois.
The Offspring, as costas fizeram-me recuar, nunca tinha visto ao vivo e sempre achei piada a esta banda, deixa ver, sentei-me e esperei. Competentes mas inconsequentes, tirando a voz aquilo parecia UHF nos anos 80, o que só por si não é bom nem é mau. Para o fim melhorou e dizia o meu irmão, isto faz-me lembrar os Flintstones, pois o que me leva aos B-52's, sempre achei estes Offspring uns B-52's mais barulhentos mas menos imaginativos. O que é que isto tem haver com UHF? Não sei, mas vou ali ver e já venho.
Não vim, fui, com as costas a doer acham que ia ver Linkin Park, enquanto saía ainda ouvi um puto a cantar e de vez em quanto fazia birra e gritava e farto de putos já estava eu.
É verdade parece que os LP fecharam a noite porque são a banda que mais discos vende, o que me parece um bom critério, tendo em conta aquelas coisas de um mundo melhor, a natureza, os pobres e etc, bem para os meus pobres ouvidos foi bom, descansaram mais cedo.
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