11/09/2009

The First Days of Something

Os pássaros soltam-se arrastando o ar que o vento leva, o voo para a madrugada estática que acorda. Parte noite febril de frio fresco pelas frestas que desenhas, arrepia os caminhos, todos, e leva-te perdendo. Pouco a pouco dissolve, na água, a mágoa que sonhaste ter sonhado e abandona todas as ilusões que não anunciaste e todos os passos que não deste. E pensaste em nascer. Lembras o desejo que lavas esbugalhada e trazes abandono coalhado nas margens em que ficas prostrada. Anuncia a renúncia externa das exteriorizações que representas, oferece um atalho até à última luz e vai-te, saindo. Abranda a velocidade da perda, prostituta, que os sonos não levam e também a vontade que não conseguiste ganhar e despedaça esta sensação que fazes. E volta a querer. Não penses na claridade fingida que te rouba o espaço e se ergue desassombrada do desassossego que és. Sabes que podes aprender a ausência do tempo que não tens, refugia-te no embaraço laço dos pensamentos e cai. Procura-te na incerteza que és, pára, cresce na escuridão que estás e confronta todas as dúvidas, hesitações e lembra o efémero que o sol trás. E pede para ficar. Celebra as estrelas que se fazem abrindo, no teu infinito, caminhos, liberta a certeza da presença única que existe. Essa constância que desprezas por nunca estares satisfeita. Que buscas no exterior? Que queres de lá de fora? Luz, claridade, paz, sossego, satisfação, prazer, afecto, amor. Desfaz-te em desolação quieta e volta a imaginar o sonho que perdeste, faz-te no teu interior infinito de finitude ausente. E volta a nascer.

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