02/11/2009

tempo

Hoje a seguir ao almoço enquanto ia para o estúdio no carro, ainda com o pensamento no António Sérgio, ouvia a radar e aproximadamente na hora em que se realizava o funeral, a voz, aquela voz que o meu filho diz, carinhosamente, que faz sono, ouvia-se como se estivesse entre nós. E talvez por causa do vento que, devagar, empurrava as nuvens num céu azul brilhante, talvez porque o sabor do som me soubesse bem entrecortado, a espaços, pela aquela voz grave e profunda, talvez porque o paradoxo daquela ausência presente me confundisse, talvez porque aquele tudo me parecesse tão estranho, parei o carro à porta do estúdio e ali fiquei a olhar as nuvens, a ouvir o som, deixando que o tempo me enganasse. Só mais um bocado por favor.

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