28/12/2009

portugalzinho

Quando fechei a minha empresa há cerca de 9 anos fiquei desempregado, na altura o centro de emprego, através de um programa chamado POC, colocou-me 1 ano na segurança social em Almada. No departamento de acção social onde trabalhei, lidei com situações que desconhecia, a estranheza não foi tanto a falta de condições, espaço pequeno para tanta gente, mas os métodos e processos de trabalho. Entre as várias tarefas que tinha, uma consistia em escrever no computador ofícios e relatórios vários (menores em risco por exemplo) que vinham manuscritos das assistentes sociais, entregavam-me o documento e passado 10/15 minutos para os ofícios e 30/40 minutos para os relatórios eu levava tudo pronto para ser assinado. Todos olhavam para mim de lado sem eu perceber porquê, passado umas semanas uma assistente lá me explicou que aqueles documentos costumavam estar dias, por vezes semanas, para serem despachados. Tudo me chocou, vinha da minha empresa onde chegava a trazer trabalhos gráficos complicados à tarde para entregar provas no dia a seguir de manhã, mas mais do que isso era o laxismo com situações como menores em risco, idosos doentes e outras parecidas, todas a necessitar de decisões urgentes e práticas. Apesar do ordenado de sessenta e tal contos, dos olhares e de me chatearem porque queriam que entrasse às 9 e eu entrava às 9.30 (podia entrar entre as 9 e as 10), aguentei esse ano e fiz as tarefas como as sei fazer. Portanto, quando leio textos sobre organismos públicos e a disfuncionalidade, a perversão, a falta de transparência, as fiscalizações deficientes, sei bem do que se fala, se até com pessoas frágeis e totalmente dependentes não querem saber imagine-se o resto.

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