16/12/2009

geada

Não sei o frio que faz lá fora, nem a geada que queima a erva. Madrugada que sinto no verbo, nascer solto em mim, diz-me. Quantas luas tem o espaço que não vejo? Quantas vagas tem o tempo que não tenho? Serás só um pensamento desconexo num verso que solto sem ideias, não mais que a noção da geada arrefecendo o frio que não sofro, ou, talvez, a sensação de um predicado que teimo em não cumprir, ou, talvez ainda, o absurdo da inércia, onde teimo em fazer-me. Nesta desfaçatez insolente que sinto e sou, esqueço o dever e o prazer, limito-me à geada do frio que não sinto, e ao entendimento sentido que não tenho. Preciso de outra vaga e mais outra e outra ainda, que tragam um só esboço, ainda que vago, de um pensamento que atine, e afunde esta ausência que sou.

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