27/04/2010

prozac

Em quase todas as sociedades ocidentais, dois terços ou mais das pessoas dizem que são «felizes». Eis a felicidade como «estado de espírito declarado», isto é, como auto-ilusão. Quando uma pessoa anuncia que é «feliz», há um contentamento narcísico nesse anúncio, mesmo que o facto seja manifestamente falso. Conheço gente com vidas miseráveis que repete bem alto que é «feliz». E também conheço, em muitos casos, a medicação que eles e elas tomam para que a sua «felicidade» brilhe. As pessoas que se dizem «felizes» estão interessadas em obter o estatuto de «felizes», em serem reconhecidas pelos outros como pessoas felizes, mesmo que isso seja um logro. Dizem que são felizes como alguém diz que comprou um objecto que está à venda. Esperam que esse objecto as torne mais completas. Pedro Mexia aqui: http://a-leiseca.blogspot.com/2010/04/um-objecto.html Também sou feliz. Onde é que deixei a cabeça?

2 comentários:

hmbf disse...

Curioso, quando li o post li-o assim:


Em quase todas as sociedades ocidentais, dois terços ou mais das pessoas dizem que são «infelizes». Eis a infelicidade como «estado de espírito declarado», isto é, como auto-ilusão. Quando uma pessoa anuncia que é «infeliz», há um contentamento narcísico nesse anúncio, mesmo que o facto seja manifestamente falso. Conheço gente com vidas banais que repete bem alto que é «infeliz». E também conheço, em muitos casos, a medicação que eles e elas tomam para que a sua «infelicidade» brilhe. As pessoas que se dizem «infelizes» estão interessadas em obter o estatuto de «infelizes», em serem reconhecidas pelos outros como pessoas infelizes, mesmo que isso seja um logro. Dizem que são infelizes como alguém diz que comprou um objecto que está à venda. Esperam que esse objecto as torne mais completas.


Esperam o amor dos outros, a tadinhice... nhã, nhã, nhã... :-)

Nem feliz, nem infeliz, às vezes triste, outras vezes alegre, um gajo vai-se fazendo...

jp disse...

A minha ironia no fim era um pouco isso mesmo, um gajo anda para aqui e passam por nós tantas coisas, às vezes são boas outras nem por isso.