16/06/2010
a espessura da felicidade
Viver com o coração na boca e a razão no peito a doer,
desatino inquieto que sou.
Nisto,
faço coisas e gosto das coisas que faço,
não pela importância,
amanhã cai um calhau na terra e lá se vão as importâncias,
tantas,
mas,
enquanto por cá se vai andando,
não ficarei com a cabeça entre as orelhas a olhar o céu à espera do calhau.
Aqui,
donde sou e onde vivo,
é o que sinto,
cada vez mais sou a espreitar por entre as nuvens à espera do nada,
cada vez mais vivo a espreitar por entre as nuvens à espera de tudo,
e,
apesar do que me prende e como para nada já chega o pouco que sou,
apetece-me partir.
As pessoas costumam dizer que querem ser felizes,
outros dizem mesmo que são felizes,
mas a felicidade não se anuncia ou deseja,
a felicidade cumpre-se.
E se é ridículo dizer que se é feliz,
também nunca vi ninguém dizer que quer ser infeliz.
Mas a questão nem é essa,
este eu que figuro quer lá saber de ser feliz.
Agora tentar seria bom.
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