01/06/2010
perfumes de Portugal
Hoje, fui ao banco levantar o cheque do concerto, a maravilhosa CGD. Qual o meu espanto quando chego e deparo-me com um balcão totalmente remodelado, cheio de mármores, granitos, vidros de qualidade, parecia que estava a entrar no Taj Mahal, enfim, um luxo. Estando a falar de um balcão num edifício com apenas 12/15 anos na Cova da Piedade em que que a única diferença é que os mármores e granitos antigos eram mais escuros mas, ainda assim, de grande qualidade, dei por mim a pensar na crise, depois nos balcões dos bancos nos EUA, com acabamentos reles com uma série de anos, depois nos ordenados daqueles desgraçados que trabalham algumas 10/12 horas por dia para o que ganham dar para pagar a renda da casa, do carro e pouco mais, e apeteceu-me fugir logo dali e voltar de noite para lá por uma bomba.
A pobre desgraçada que me atendeu não percebia porque é que eu queria levantar o dinheiro todo do cheque, ainda era uma quantia razoável, nem me dei ao trabalho de lhe explicar que não tenho conta bancária nem quero nada com bancos e que aquelas obras recentes só me confirmava esta convicção de me manter a milhas desta economia nojenta.
Depois vou para o centro de Almada para encadernar uma peça de teatro que escrevi para levar ao Benite, que me esperava no Teatro de Almada, e, das muitas lojas que faziam este tipo de trabalho, só uma se mantinha aberta, mas já não tinha este serviço. Numa Almada verdadeiramente bonita, verdadeiramente renovada, cheia de passeios, de árvores, ruas sem carros, cheia de esplanadas com reformados e reformados compulsivos de 30/40 anos a beber um café e uma água da torneira que o dinheiro não chega para os passeios, para as estátuas e, principalmente, para manter as lojas abertas, novamente chega-me uma vontade de largar umas bombas e destruir tudo.
Controlada a vontade, lá chego a uma nova loja com o tal serviço, por sinal mesmo em frente, ou melhor atrás, do Teatro. Felizmente, a conversa com o Benite corre muito bem. Saio satisfeito e prossigo, ainda me falta fazer alguns clientes dos salgados, em cinco cafés e restaurante não tenho uma encomenda que seja. Pudera com tanto reformado compulsivo a água del cano estou à espera de quê. Mas, também, que interessa isso, o que interessa é comer aqueles mármores luxuosos e aqueles passeios largos cheios árvores, bostas de cães e Benjamins para nos cagarem em cima.
Ao menos chegamos a casa perfumados dos pés à cabeça.
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2 comentários:
eh eh eh lindo. este país é uma maravilha. e na islânida, aquele humorista que ganhou a câmara da capital? é lindo. :-))) o mundo é uma maravilha.
Cada vez maior, olha para mim todo feliz. :-))
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