O som pegou na memória e embalou-a dilacerando-a,
desprevenido, aviltei o desassossego sossegado que gozo,
emprestando uma ânsia ansiosa à ânsia que faço.
De repente afundo-me, ainda mais, a pique,
perco-me dentro de tudo o que sinto que sou,
falho todas as ideias e, também, os sentidos, menos aquele,
que é passado,
que foi exclusivo,
que é tristeza,
que foi alegre,
que é definido,
que foi feito,
que é recordação,
que foi lugar
e que é presente.
Nesta memória abrem-se gavetas fechadas de sentimentos,
daqueles reles, vulgares, sem apelo, sem paisagem, sem nada.
Só o som que o ar traz.
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