12/03/2009

O som pegou na memória e embalou-a dilacerando-a, desprevenido, aviltei o desassossego sossegado que gozo, emprestando uma ânsia ansiosa à ânsia que faço. De repente afundo-me, ainda mais, a pique, perco-me dentro de tudo o que sinto que sou, falho todas as ideias e, também, os sentidos, menos aquele, que é passado, que foi exclusivo, que é tristeza, que foi alegre, que é definido, que foi feito, que é recordação, que foi lugar e que é presente. Nesta memória abrem-se gavetas fechadas de sentimentos, daqueles reles, vulgares, sem apelo, sem paisagem, sem nada. Só o som que o ar traz.

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