13/08/2009

CANSAÇO MOÍDO EM AUSÊNCIA FATIGADA

Apetecia-me fechar os olhos e dormir, poder descansar embalado num sonho sereno e desistir desta procura vã de um não sei quê que não sei. Sou a ilusão sem encontro, sou uma ficção sem sentido, sou a emoção que se perde com o tempo, menos a mágoa que mói todo o espírito e corpo. Apetecia-me fechar os olhos e dormir, deixar de sentir a desolação que dói na carne, cansa a alma que, desordenada, não se encontra. Parar de viajar sem caminho, parar de estranhar o que já sei e parar de pensar mais que a água fresca, mais o sal das ondas onde mergulho. Apetecia-me fechar os olhos e dormir, conseguir florir, sereno, os meus sonhos e acalmar a ânsia das coisas efémeras. Serenar os sacrifícios, serenar a loucura, serenar a consciência dos erros, mais as atitudes que foram porque existiram. Apetecia-me fechar os olhos e dormir, acabar o pesadelo de não saber chorar e fechar a porta ao desespero traquina. Ser a calma das palavras ausentes, ser a calma das coisas que não vejo, ser a calma do acaso que não sei, mais o sonho que me adormece em seus braços.

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