05/01/2009
arejar
Depois, olho para cima por baixo da razão e caio a pique,
lembro as nuvens que não consigo ver
que, densas e longínquas,
sei que voltam com o mesmo vento que partiram.
Mas, por enquanto, fico-me só um pouco mais,
esqueço o vento nesta brisa que tenho,
esqueço tudo e as nuvens também.
Abandono-me e tento descobrir as cores,
todas as cores que trazes nos olhos
e as raízes que são teus pés,
os sons todos que fazes nos cheiros que dizes,
o tempo que deixaste neste pensamento
e o desejo de querer entender-te.
Nesta Primavera, agora já florida,
vagueio na luz dourada que já não falha, intermitente,
e nas estrelas que as nuvens, longínquas, deixam ver.
Vejo as folhas que, levemente, se abraçam a esta claridade
e percorro a constância e o calor que me dá,
solto a razão,
tento chegar-vos
e dizer-vos baixinho,
todas as coisas e lugares,
todos os pensamentos e segredos,
todas as derrotas e faltas,
todos os sonhos e ausências,
toda a paz e a vida,
toda a luz e a morte,
e abraçar-vos na eternidade que vislumbro.
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1 comentário:
Arejar é fundamental e do que mais sentimos falta...
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