19/01/2009

Será que ceguei e parei, perdendo o nexo do que quero, desistindo de tudo o que espero e do querer que sempre acreditei? Será o tempo que não faço, as palavras que não escrevo e digo, o espaço por onde me perco e fico, um esboço que já não traço? Será que acomodei e deixei, toda a imaginação que fui e quis toda a vontade que fui e fiz e todas as ideias que pensei? Será um caminho perdido, o traçado de um destino obrigado, a evidência de um triste fado, uma realidade crua e sem sentido? Será que encerrei e fiquei, sem a força que pensava e fazia, sem o confronto que era e queria e todo o verso que disse e achei? Será uma metáfora falhada, que trespassa o vazio que é a vida, a angústia duma batalha não vencida, o desespero da derrota anunciada? Será que ceguei e parei, que não sei o que sou e tenho? Será que encerrei e fiquei, que não sei para onde vou ou donde venho? Será que arrumei e deixei, tudo o que queria e amei? Será? José Paiva

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