24/01/2009

talvez uma brisa I Aqui, agora, ausente, simplesmente fechado em mim E nos meus sonhos Onde existe toda a vida Onde posso encarnar quem eu quiser E até quem não quiser Posso ser alguém ou então o vento, a água, o fogo Mas nunca a mágoa Posso ver-me em tons de azul ou negro Posso sentir amor ou raiva Posso ter o impossível Posso ser tudo como a natureza!... II Sinto-me agora uma folha, verde, húmida, levada pelo vento Onde me sossego vendo o mundo correr Sinto-me agora um mar, imenso, revolto Onde apaziguado me domino Sinto-me agora uma chama, azul, púrpura Onde aqueço a vida Agora sou Platão e a caverna da ilusão Agora sou Cristo submisso ao Pai Agora sou um poeta soberbo Agora sou nada como tudo isto!... III E como é importante este nada Onde tudo o que me importa nasce Onde a fantasia se torna realidade Onde sempre a correr nunca me canso Onde sem querer me desculpo Onde sozinho me acompanho de todos Onde existo sem existir Onde se abre a alma, sossegando-me o espírito Onde sonho todos os sonhos do mundo... IV Agora sonho-me uma vasta planície Onde me perco no espaço Agora sonho-me a pirâmide mais alta Por onde penetro o céu Agora sou alguém entre muitos Onde me revejo Se quiser Agora sou tudo como o nada que é isto!... V E como é importante esta sensação Onde sou tudo o que importa Onde me sento a conversar com o homem mais sábio Contando-me histórias que nunca imaginei E fico feliz como uma criança E posso rir inocentemente E posso sentir com todos os sentidos sem me perder... VI Agora sou jovem, forte Abraçando a vida Agora sou velho, sabedor Partilhando tudo o que aprendi Agora sinto-me sem idade Agora não sei o que é isto!... VII Talvez imagens, somente imagens Que passam sem pedir licença Talvez simples sombras Que toldam a realidade Talvez um reino que não existe... VIII Talvez ilusões, enganosas ilusões Que enganam sem querer Talvez uma chama Queimando a vida... IX Talvez frustrações, irritantes frustrações Que teimam em aparecer Talvez um rio passando... X Talvez a vida, toda a vida Que existe só porque existe... XI Talvez uma brisa soprando.

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